Os trabalhadores dos Correios no Paraná realizaram um protesto na manhã de ontem com o enterro simbólico de dirigentes da empresa. Em greve há oito dias, os funcionários ainda não firmaram acordo com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e a greve continua por tempo indeterminado. Na tarde de ontem, a categoria votou pela permanência da paralisação. Uma audiência de conciliação está marcada para amanhã no Superior Tribunal do Trabalho (TST), em Brasília. Hoje, às 11 horas, os funcionários realizam panelaço na sede da empresa em Curitiba.    

Ao menos 500 trabalhadores se reuniram na manhã de ontem para a realização de uma passeata, que saiu da Praça Santos Andrade e seguiu até a Boca Maldita, no centro de Curitiba. A categoria levou caixões e bonecos em um cortejo fúnebre que simbolizou o enterro do presidente Nacional dos Correios, Carlos Henrique Custódio, e o diretor estadual da empresa no Paraná, Itamar Ribeiro.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), a manifestação aconteceu para demonstrar a insatisfação da categoria em relação à intransigência dos diretores na negociação com os funcionários. Os trabalhadores não aceitam a proposta feita pela empresa de reajuste salarial de 9%, a partir de 1º de agosto. A categoria reivindica um índice bem superior, de 41%, além de outros itens.

Na tarde de ontem, a categoria decidiu em assembleia pela permanência da greve. Uma audiência de conciliação está agendada para amanhã, às 9h30, no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília. A greve só chega ao fim se pelo menos 18 dos 35 sindicatos aceitarem a proposta da empresa ou se houver uma nova proposta que seja aceita pelos trabalhadores. Para a manhã de hoje, às 11 horas, a categoria planeja um panelaço na sede da empresa, localizada à Rua João Negrão.

Os serviços de entrega rápida, como Sedex 10, Sedex Hoje, Sedex Mundi e Disque Coleta, continuam suspensos. A carga com atraso é de 40,5 milhões de correspondências e 441 mil encomendas. No Paraná, ao menos 1,2 milhão de correspondências deixaram de ser entregues.
Na tarde de ontem, os trabalhadores nos estados do Maranhão e do Mato Grosso do Sul decidiram retornar ao trabalho. Segundo a empresa, até o momento nove sindicatos aprovaram a proposta feita pela companhia para fechamento de acordo coletivo de trabalho. O índice de adesão ao movimento caiu de 24% para 17% dos 109 mil empregados.

Ontem, o TST concedeu liminar aos Correios determinando à Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) que seja mantido o contingente mínimo de 30% dos empregados em cada unidade da ECT, sob pena de multa diária de R$ 50 mil por unidade em caso de descumprimento da ordem judicial.

Pagamento — Ontem, a ECT anunciou que vai pagar já neste mês o reajuste de 9% sobre os salários como forma de incentivar os trabalhadores que aceitaram a proposta da estatal e estão trabalhando normalmente. Os Correios também decidiram antecipar, do dia 30 para o dia 25, o pagamento dos salários, mas para os grevistas haverá o desconto dos dias parados.