BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou, nesta segunda-feira (15), uma proposta que tira poder do governo sobre o Orçamento. A sessão foi encerrada às 21h sem que a reforma da Previdência começasse a ser discutida.


A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento impositivo transforma as emendas coletivas em gastos obrigatórios.


Cabe ao Congresso aprovar anualmente o plano para as despesas públicas. Por emendas, parlamentares podem destinar recursos a obras de suas bases eleitorais.


Hoje o governo já é obrigado a aplicar 1,2% da receita corrente líquida nas emendas individuais –apresentadas por deputados e senadores.


A proposta que avança no Congresso é para que as emendas coletivas -apresentadas pelas comissões e pelas bancadas estaduais- também sejam obrigatoriamente executadas.


A PEC foi protocolada em 2015 e desenterrada pela Câmara, em março, em meio ao embate com o governo.


Após votação relâmpago na Câmara, o texto seguiu para o Senado.


No início de abril, os senadores aprovaram a proposta, mas com um aumento escalonado do percentual obrigatório das emendas coletivas (de bancada): 0,8% da RCL (Receita Corrente Líquida) em 2020 e 1% no ano seguinte.


Por causa da alteração, a Câmara precisa reanalisar a PEC.


Escolhido relator do projeto, o líder de maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou parecer pela aprovação da versão que teve o aval do Senado.


“A medida aprovada pelo Congresso Nacional não gera aumento de despesas para a União. Apenas transfere ao Poder Legislativo parte da prerrogativa constitucional de estabelecer quais obras e serviços serão de cumprimento obrigatório”, ressaltou Ribeiro no relatório.


A PEC do Orçamento impositivo ainda precisa passar novamente pelo plenário da Câmara.


Após a aprovação, por votação simbólica, do relatório de Ribeiro, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), encerrou a sessão.


A discussão da PEC da reforma da Previdência, portanto, ficou para terça (16) e quarta (17), o que representa uma derrota para o governo.


O líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), já admitiu que a votação da reforma da Previdência na CCJ deve ser apenas na próxima semana. Cerca de 120 deputados já se inscreveram para falar durante o debate previsto para terça e quarta.


Aliados do presidente Jair Bolsonaro queriam aprovar a proposta na CCJ antes do feriado de Páscoa, mas partidos independentes ao Palácio do Planalto e a oposição conseguiram inverter a ordem da pauta da comissão.


Assim, a sessão desta segunda foi tomada pela disputa que tirou a prioridade da reforma da Previdência e pela aprovação da PEC do Orçamento impositivo.