Aliocha Maurício/SEDS

Estabelecer um espaço de construção do respeito, da autoestima e de uma sociedade melhor é o objetivo dos centros da juventude no Paraná. As estruturas, que atendem jovens a partir de 12 anos, estimulam a convivência e tornam possível o acesso a diversas atividades culturais, esportivas e de lazer. O equipamento integra o Sistema Único de Assistência Social (Suas).

Desde 2011, a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social entregou a municípios 26 centros da juventude, instalados em áreas com alto índice de vulnerabilidade social, ao custo aproximado de R$ 2,6 milhões cada. Além de ser alternativa à rua para meninos e meninas, o local oferece oficinas que orientam os jovens para a vida pessoal e profissional.

Para quem trabalha diretamente com os jovens, as mudanças na vida deles são visíveis. O educador físico Jhonathan Faria está há cinco e anos e meio na coordenação do Centro da Juventude de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e afirma que o trabalho é muito gratificante. “Vê-los entrar aqui de uma forma e saírem protagonistas, trilhando seus próprios caminhos, é a nossa maior motivação”, diz o coordenador.

Ele cita o exemplo de um garoto com problemas no relacionamento familiar. “No começo, foi muito desafiador trabalhar com ele, pois não queria participar das atividades”. A equipe insistiu, fez visitas à casa do rapaz e o acompanhou durante todo o tempo. “Mais tarde, ele veio nos agradecer, disse que a vida tinha melhorado graças à nossa insistência. Hoje, está estudando, trabalhando, pensando em fazer faculdade”, destaca Jhonathan.

SOCIOEDUCAÇÃO – Os centros da juventude também contribuem para a reinserção social de adolescentes sob medidas socioeducativas. É o caso de um jovem de 18 anos que frequenta a unidade de São José dos Pinhais há três meses.

“O pessoal me recebeu muito bem, foi carinhoso. Aqui, eu pude conhecer pessoas novas, refrescar a mente. Agora, estou participando do curso de educomunicação”, conta o jovem. Ele pretende arrumar um trabalho e constituir família. “Eu já fiz minha mãe sofrer, mas agora só quero oferecer alegria a ela”, explica.

O futuro também faz parte da preocupação de outro adolescente, de 16 anos, também sob medida socioeducativa. Ele entrou no Centro da Juventude há poucos dias, mas já sentiu que terá apoio. O rapaz pretende concluir os estudos e trabalhar com o que aprender nas oficinas de Educomunicação.

Por meio de diferentes tipos de mídia, como TV, internet, fotografia ou jornal, o curso de Educomunicação ensina a produzir peças audiovisuais. Em São José dos Pinhais, os adolescentes estão desenvolvendo vídeo institucional sobre o centro para divulgar as atividades para toda a comunidade.

AGENTES DE CIDADANIA – A construção de um futuro melhor é o sonho de todos os jovens que participam das atividades do Centro. Nesse espaço público de convivência eles têm a oportunidade de participar das aulas de futsal, voleibol, caratê, dança, violão e basquete, além de poderem contribuir para melhorar o espaço com iniciativas próprias.

O projeto Agentes de Cidadania desenvolvido nos centros, por exemplo, oferece bolsa-auxílio mensal de R$ 210 por mês aos adolescentes que desenvolvem atividades para serem aplicadas nas comunidades. Durante 10 horas-aula semanais os jovens se dedicam ao desenvolvimento das ações propostas.

Rosana Aparecida Klen, pedadagoga do Centro da Juventude da São José dos Pinhais, explica que os adolescentes que participam do programa melhoram seu desenvolvimento pessoal, sua organização e responsabilidade. “Para apresentar o programa ele precisa organizar todos os passos da atividade, pesquisar e planejar a dinâmica”.

COMEÇO – Foi a vontade de construir um futuro diferente que motivou o agente de cidadania Illan Ferreira, de 17 anos, a criar o projeto Brincando e Aprendendo. “Tivemos a ideia de oferecer atividades para as crianças. Por isso, propusemos um trabalho que as envolvia em brincadeiras no bosque do centro. Foi muito legal”, conta Illan. Para tornar mais segura área da atividade ele propôs o projeto Revivendo o Bosque, acatado pela prefeitura, que providenciou a limpeza do espaço.

Fabiane Guimarães, 16 anos, participava das atividades do centro, com dança. Ela foi incentivada a montar um projeto para ensinar e treinar outros adolescentes a dançar k-pop, uma dança sul-coreana. Hoje, seu grupo já está grande e os integrantes gravaram um vídeo para mandar a um concurso naquele país.

PARCERIA – Uma parceria firmada com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em 2017, também reforça a proteção aos adolescentes e oferece recursos, na forma de incentivos, a 13 municípios que possuem centros da juventude. São trabalhados três grandes eixos: convivência familiar e comunitária; trabalho e educação.

A parceria já repassou R$ 758,6 mil para o desenvolvimento do projeto Agentes de Cidadania e mais de R$ 4,11 milhões para custeio de serviços, equipamentos e veículos dos centros.

Para a construção dos 26 Centros da Juventude do Paraná, a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social investiu R$ 67,6 milhões e já repassou R$ 1,3 milhão para bolsas do projeto Agentes de Cidadania.

Os Centros da Juventude também fazem parte do programa Paraná Seguro, coordenado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Previdenciária.