SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em um novo capítulo da tensão entre China e EUA, o Ministério de Relações Exteriores do país asiático convocou neste domingo (9) o embaixador americano em Pequim para expressar “forte protesto” contra a prisão da vice-presidente financeira da Huawei e exigir sua liberação.

Meng Wanzhou foi presa no Canadá no dia 1º e enfrenta pedido de extradição para os EUA, que alegam que ela acobertou laços da Huawei com uma empresa que tentou vender equipamentos ao Irã, em violação de sanções contra o país.

A executiva é filha do fundador da Huawei, maior fornecedora mundial de equipamentos de rede de telecomunicações e a segunda maior fabricante de smartphones.

Na linguagem diplomática, convocar um embaixador para esclarecimentos representa sinal de descontentamento.

A prisão de Meng provocou tensão nos mercados na semana passada e ajudou a reduzir o efeito positivo da trégua anunciada no início do mês, em Buenos Aires, na guerra comercial entre EUA e China. O acordo adiou de janeiro para março a elevação de tarifas de Washington de 10% para 25% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. O cessar-fogo durará enquanto um acordo é negociado.

O vice-ministro de Relações Exteriores da China, Le Yucheng, afirmou ao embaixador dos EUA, Terry Branstad, que Washington fez uma “exigência despropositada” para que o Canadá prendesse Meng enquanto ela estava passando por Vancouver, informou o ministério.

“As ações dos EUA seriamente violaram os direitos legais e legítimos de uma cidadã chinesa e foram extremamente sórdidas em sua natureza”, disse Le a Branstad.

“A China vai responder com novas medidas, dependendo das ações dos EUA”, disse.

No sábado (8), Le havia convocado o embaixador canadense em Pequim, John McCallum, para apresentar um “forte protesto”. Le alertara o Canadá para o fato de que o país poderia sofrer sérias consequências se não libertasse Meng imediatamente, chamando o episódio de “extremamente desagradável”.

Robert Lighthizer, o representante comercial dos EUA, afirmou que o caso “não deveria ter muito impacto” nas negociações entre os EUA e a China. “É um assunto de Justiça criminal”, disse Lighthizer à rede CBS neste domingo.

Para além da questão da suposta violação das sanções contra o Irã, agências de inteligência dos EUA alegam que a Huawei está ligada ao governo da China e que seus equipamentos podem ter sido projetados para permitir o acesso de espiões do governo chinês. Nenhuma evidência foi apresentada publicamente, e a empresa nega as acusações.

A preocupação se concentra também na implantação de redes 5G, tecnologia em que a Huawei está na vanguarda.