No dia 21 de janeiro de 2017, Diego Saldanha, morador de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, virou notícia pela primeira vez. Na ocasião, havia criado uma Ecobarreira com o intuito de limpar o histórico Rio Atuba, em cujas margens teve início a colonização de Curitiba, em 1659. Dois anos e meio depois, já reconhecido nacionalmente pelo seu trabalho — que ajudou a retirar mais de duas toneladas de lixo do rio —, volta a ser notícia, desta vez pela criação de uma ecofossa.
Segundo Diego, a comunidade em que ele mora em Colombo, o Jardim das Flores, e também uma comunidade vizinha, Jardim Carvalho, sofrem com a falta de acesso a esgoto tratado. Depois de criar a Ecobarreira, a situação passou a incomodá-lo ainda mais. “Ficava incomodado de ver o esgoto da minha comunidade inteira indo pro rio, porque não tem tratamento de esgoto onde que eu moro”, relata.
Para contornar o problema, começou a pesquisar. Pesquisou até que descobriu sobre o trabalho do professor Valter de Menezes, que por meio de um projeto escolar mudou a vida da comunidade ribeirinha Santo Antônio do Tracajá, no município de Parintins, interior do Amazonas.
Na região, onde o professor dava aula há mais de 20 anos não havia acesso à rede de esgoto e água potável, o que fazia com que os casos de diarreia na região aumentassem em período de seca e cheia – a água que abastece a comunidade vem de um poço artesiano cujo fornecimento não era encanado, o que acabava provocando a contaminação da água por dejetos humanos durante a subida e descida das águas do rio.
A solução encontrada por Valter – e agora replicada por Diego na RMC – foi montar uma ecofossa, que é construída como as fossas convencionais, mas revestida para isolar dejetos humanos do lençol freático e filtrar a água através de uma bananeira, que funciona como uma espécie de bomba de água.
“O esgoto cai num túnel de pneus dentro da fossa e bactérias anaeróbicas tratam o dejeto, que se torna líquido. Conforme vai enchendo (a fossa) o líquido escorre pela lateral e aí vem a filtragem, feita com pedra, brita, areia, terra, seis bananeiras e duas taiobas. Na prática, a árvore e a planta funcionam como se fossem uma bomba de puxar água. Elas sugam os nutrientes e soltam o que não vão aproveitar para a atmosfera, não deixando a fossa encher. Por isso a ecofossa é livre de manutenção, não enche e também não contamina o solo, porque é impermeabilizada”, explica Diego, relatando ainda que os frutos da bananeira são 100% consumíveis. Outras árvores também podem ser plantadas, mas o ideal é sempre espécies que consumam muita água para que o sistema funcione adequadamente.
Novidade tem boa repercussão na comunidade
Para a construção da primeira ecofossa, localizada em sua própria casa, Diego Saldanha gastou cercade R$ 1 mil do próprio bolso. “Não tive apoio. Fiz sozinho porque se fosse correr atrás (de patrocínio) o pessoal não ia acreditar”, conta o ambientalista, que agora pretende replicar a ideia em outras residências de sua comunidade e também de comunidades vizinhas.
“O pessoal vem aqui e fica encantado, tem curiosidade para saber como funciona. Deixei um banner que tem o passo a passo do início ao final e um texto explicando como funciona. Já tem umas 8, 10 casas para gente instalar essa ecofossa”, conta Diego, revelando ainda que a partir de agora irá atrás de patrocinadores para que possa levar a novidade às casas de vizinhos.
Próximos projetos: energia solar e bueiro
Depois da Ecobarreira e da Ecofossa, Diego Saldanha já trabalha para levar em frente dois outros projetos em sua comunidade. O primeiro é um poste solar nas margens do Rio Atuba, onde trabalha para retirar os lixos contidos por sua Ecobarreira. “Aqui não tem iluminação de noite, precisa de manuteção e tudo escuro. Estou planejando então um poste solar, uma plaquinha pequena que puxe energia durante o dia, com uma bateria de moto e uns canos d e PVC improvisado”, explica.
A outra ideia é um bueiro inteligente, que ajude a filtrar lixos que acabam passando pela Ecobarreira. “ A ideia é que lixos pequenos, como papel de bala, canudo, tampinha, bituca decigarro, pare ali e a água possa seguir seu rumo.”
Serviço
Ecobarreira e Ecofossa
O que é: Dois projetos criados pelo ativista ambiental Diego Saldanha, morador de Colombo, na RMC, com o intuito de proteger o Rio Atuba. Com a barreira, lixos são impedidos de seguir o curso do rio. Já com a Ecofossa, evita-se o despejo de esgoto nas águas do Atuba.
Como ajudar: Aceita doações de diversos tipos, como materiais de construção e também ajuda financeira. Para mais detalhes e formas de ajudar, entrar em contato com o próprio Diego Saldanha.
Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100000137719386
Instagram: @diegosaldanha_ecobarreira
Telefone: (41) 99950-3974