SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Recipientes para a entrega de roupas usadas, semelhantes às utilizadas na Campanha do Agasalho, poderiam ficar disponíveis nas ruas o ano todo. É assim nas ruas de Corunha, na Espanha: contêineres brancos nas calçadas recebem camisas, calças, vestidos, sapatos e outros itens de janeiro a janeiro.

Com 240 mil habitantes, a cidade galega tem mais de cem contêineres, que foram instalados a partir de 2016 por meio de uma parceria entre o governo local e a instituição social Padre Rubinos. Eles ficam próximos a mercados, escolas, praças e outros lugares com bastante circulação.

Podem ser entregues roupas, calçados, toalhas, cobertores, lençóis e fronhas. Se a quantidade a ser doada for grande, o programa recolhe esses materiais em casa.

As doações são encaminhadas para uma entidade que ajuda pessoas pobres. As peças recolhidas em boas condições são direcionadas para moradores de albergues e famílias sem recursos.

Parte dos itens são recortados e utilizados para fazer bolsas e outros acessórios. Depois, estes produtos são vendidos em bazares, para arrecadar fundos que serão usados em outras ações sociais.

Já os materiais em mau estado são repassados para uma ONG que trabalha com reciclagem de tecidos. O dinheiro obtido neste processo é usado para pagar os salários dos funcionários. A equipe é formada por pessoas que enfrentavam outras dificuldades para encontrar trabalho, como ex-moradores de rua.

Além da função social, o programa de recolhimento ajuda a reduzir a geração de lixo na cidade ao facilitar a destinação correta destes materiais.

Em São Paulo, a prefeitura da capital e o Sinditêxtil, que reúne fabricantes de tecidos, anunciaram em 2015 o projeto Retalho Fashion, para recolher e reciclar parte das 20 toneladas de restos gerados pelas confecções do Brás e do Bom Retiro. O sindicato não respondeu aos questionamentos deste blog sobre o andamento do projeto.

No Brasil, é comum levar roupas usadas para igrejas e entidades sociais ou entregá-las para pessoas e grupos que pedem de porta em porta. Ter um canal unificado de entrega, ou ao menos cestas perto de casa, poderia ajudar a ampliar a arrecadação e evitar que vestimentas e calçados acabem nos aterros. Disposição para doar existe: a Campanha do Agasalho de São Paulo arrecadou 8 milhões de peças na ação do ano passado.