Eles estão há cerca de 100 anos em Curitiba, período em que passaram a maior parte à margem da sociedade e sob a sombra do preconceito. Agora, porém, começam a se mostrar, ganhar evidência, derrubando as barreiras da ignorância e da discriminação. São os ciganos, que ontem celebraram o Dia Estadual do Cigano. A data, criada em 2000, jamais havia sido comemorada. Hoje existem cerca de 300 ciganos radicados em Curitiba. Em todo o Paraná, o número de ciganos passa dos 40 mil. Já no Brasil, são aproximadamente 600 mil.

As festividades começaram ainda na semana passada. Na última sexta-feira, por exemplo, cerca de 25 ciganos dos dois clãs existentes na Capital (os Roms e os Kalons) participaram de um ensaio fotográfico no Jardim Botânico, em uma iniciativa da Assessoria de Direitos Humanos da Prefeitura em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba. 

No domingo, foi a vez dos ciganos apresentarem uma perfomance na Casa Hoffmann. Por fim, ontem eles fizeram apresentações de dança, música e de outros aspectos da cultura cigana no Memorial de Curitiba.

Cláudio Iovanovitchi, representante do clã dos Roms, aponta que as festividades foram uma ótima oportunidade para que os ciganos pudessem se mostrar, mostrar um pouco de sua cultura. Nossa intenção não é fazer festa, mas dar visibilidade ao nosso povo. Ignorância, desconhecimento, tudo isso gera preconceito, que gera discriminação, que gera exclusão, afirma Iovanivitchi. Estamos há 100 anos aqui, e Curitiba nunca havia tido oportunidade de ver uma festa cigana. Viram hoje ontem, e foi emocionante, complementa.

De acordo com Iovanovitchi, o termo cigano é carregado de sentidos míticos falsos. Por isso, ainda hoje há quem acredite que o cigano rouba, rapta criancinha, entre outras histórias. O preconceito é maior do que você pensa. Hoje mesmo tinha gente que via as ciganas e atravessavam a rua. Então há um misto de curiosidade e medo. Nossa grande missão é que as pessoas de Curitiba olhem os ciganos como pessoas normais, diz o representante dos Roms. A melhor forma de aniquilar a autoextima de um povo negar sua cultura, continua.