Geraldo Bubniak – Barros (PP): normalidade

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) revelado nesta terça-feira (31) aponta que o líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado federal paranaense Ricardo Barros (PP), teve “movimentação financeira incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira”. O documento foi enviado pelo órgão à CPI da Covid no Senado.

Segundo reportagem do jornal O Globo, o relatório aponta que o parlamentar movimentou recursos com familiares ou “estreitos colaboradores” sem que fossem justificados por eventos econômicos. O levantamento também aponta “movimentação por meio de saques, os quais dificultam identificar os beneficiários finais dos recursos”. Barros negou irregularidades e disse que suas operações estão “dentro da normalidade”.

O Coaf, segundo o jornal, apontou que o deputado movimentou R$ 169.849,97 acima da capacidade declarada. Entre primeiro de março de 2021 até 31 de março de 2021, transferências dele somaram R$ 418 mil, valor que representa 94% do que Barros diz ter como patrimônio líquido — R$ 446 mil. Nas transferências, há pessoas físicas e jurídicas das quais Barros é sócio. No relatório de movimentações consideradas atípicas, o Coaf analisou 13 pessoas físicas e 24 pessoas jurídicas.

O relatório aponta que Barros é investigado por corrupção passiva, crime eleitoral, crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, fraude, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e lavagem eleitoral.

Em nota, Barros disse “que todas as movimentações financeiras pessoais ou referentes as minhas empresas são compatíveis com a minha renda e são operações dentro da normalidade. Não há relação entre movimentação financeira e patrimônio declarado. São coisas incomparáveis. A Receita Federal inclusive já acatou a minha defesa em processo administrativo que questionava essas movimentações. Não há nada de irregular.” Ele acusou o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB/AL), de vazar o relatório.

Covaxin

O nome de Barros surgiu durante os trabalhos da CPI a partir do depoimento do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). De acordo com Miranda e o irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria dito a eles após ser alertado de problemas contratuais no processo de aquisição do imunizante indiano que Barros estaria por trás do suposto esquema de compra da vacina Covaxin. O líder governista nega. O acordo em questão foi assinado em fevereiro deste ano ao custo de R$ 1,6 bilhão, mas nenhum imunizante chegou a ser entregue. Após indícios de irregularidades, o contrato foi cancelado.