SÃO PAULO, SP(FOLHAPRESS) – Se você for um sueco ou se esteve em coma nos últimos 60 anos, provavelmente vai assistir a “Turma da Mônica – Laços” com um pingo de tristeza.


A trama sobre um grupo de garotos que sai em busca de um cachorro perdido vai soar meio mequetrefe. A direção de Daniel Rezende parecerá frouxa, parada nos anos 1990. O roteiro, apelando para pequenos truques e coincidências preguiçosas para solucionar conflitos, terá certas cores de fragilidade.


Mas, se você está lendo este texto, muito provavelmente não é sueco –e espero que não esteja em coma. Então talvez valha a pena sair de casa, pagar um ingresso caro e assistir ao primeiro filme da Turma da Mônica produzido com atores de carne e osso.


Com as devidas proporções, Mauricio de Sousa é uma espécie de Walt Disney brasileiro. Em qualquer cidade deste país, dificilmente alguém passou as últimas décadas sem ter contato com gibis, tirinhas, desenhos animados, brinquedos ou molhos de tomate estampados com algum de seus diferentes personagens.


“Laços”, então, é a oportunidade de ver esse universo ganhar contornos reais. É possível que alguém seja tão baixinha e invocada quanto a Mônica das revistinhas? A atriz Giulia Benite parece ter nascido para o papel. Como uma criança pode ser ao mesmo tempo careca e ter cabelo espetado como o Cebolinha? O garoto Kevin Vechiatto mostra que não precisa necessariamente ser assim, num trabalho que emula bem o jeito errado de falar do personagem.


Laura Rauseo e Gabriel Moreira também conseguem dar vida a Magali e Cascão –no caso deles, como seus personagens são mais secundários, ambos ainda acrescentam novas características aos papéis. Destaque para Moreira, que não disfarça seu sotaque de carioca ao fazer o rapaz sujinho, o que casa bem com a personalidade do menino que foge de qualquer pingo de água.


Além dos protagonistas, outras criações de Mauricio de Sousa fazem do longa um “Onde Está Wally?”, no qual surgem coadjuvantes como os pais da turma, Titi, Maria Cascuda e Louco –interpretado por Rodrigo Santoro, que gera risos mais pela improbabilidade do papel do que pela atuação em si. Aliás, como faz o próprio filme, que gera interesse mais pela curiosidade do que pelo resultado.