Franklin de Freitas – Peixarias esperavam uma Páscoa boa

Faltando uma semana para a celebração da Sexta-Feira Santa e da Páscoa (10 e 12 de abril), a procura nas peixarias de Curitiba por bacalhau e camarões grandes, pratos tradicionais para esta época do ano, ainda não teve início. Segundo empresários ouvidos pela reportagem, trata-se de mais um reflexo da crise provocada pelo novo coronavírus.

Proprietário da Peixaria Boqueirão, Mario Luís comenta que a expectativa do setor era de aumento nas vendas de pescados em relação à última Páscoa. Além da economia ter dado sinais de aquecimento, neste ano a data festiva cairia bem no início do mês. “Caiu bem numa época de pagamento, na semana de pagamento. Era a combinação perfeita: salário com vendas.”

Com a necessidade de isolamento social, no entanto, as confraternizações em família acabaram diretamente impactadas e aí a venda de pescados mais nobres acabou ‘encalhando’. Conforme relata Juarez Gerhardt, do Pescados Tatiana, nesta época do ano a demanda relacionada à Páscoa já teria começado, mas por ora segue tudo tranquilo, diferente do que costuma se ver nas quaresmas, tradicionalmente uma das datas mais lucrativas para o setor.

“Temos duas linhas [de pescados]. Uma é mais em conta mesmo, para quem vai comer peixe todas as semanas. E tem outra linha da Páscoa, que é bacalhau e camarões grandes, produtos mais específicos para esta época. A primeira linha está normal, mas a segunda não sabemos como vai ser a demanda, porque não vai ter reunião familiar, no máximo pai, mãe e filho em casa”, explica.

Na opinião de Mario, da Peixaria Boqueirão, a tendência é que a Páscoa deste ano registre uma queda de 50% nas vendas, se comparado à mesma festividade no ano passado. O movimento em sua loja, comenta, está mais devagar do que num dia comum de vendas, sem qualquer data festiva.

“Está devagar, mais devagar que o comum. Pessoal não pode sair de casa, então já viku. Semana que vem não sabemos nem o que fazer, porque se compra muita mercadoria, não vende. Se compra pouco, pode faltar”, afirma o empresário. “A expectativa era boa, de uns dois anos para cá vinha aumentando um pouco a cada ano, mas assim que isso aconteceu [crise do coronavírus], já caiu. Não sabemos o que vai acontecer, realmente”, emenda Juarez.

Setor de pescados vê migração mais lenta para o delivery

Enquanto outros segmentos do ramo alimentício correm para o delivery na tentativa de minorar os impactos da crise provocada pela Covid-19, no ramo dos pescados essa migração acontece de forma mais lenta por uma característica própria dos clientes, que costumam gostar de olhar de perto o produto antes de comprar.

Na Peixaria Boqueirão, por exemplo, 70% das vendas acontecem diretamente no local, e apenas 30% via delivery. O serviço de entregas, no entanto, foi lançado apenas recentemente e agora está começando a ganhar maior atenção. “Estamos botando o negócio para funcionar diferente, mas pescados o pessoal ainda tem aquilo de olhar a mercadoria”, explica Mario Luís.

Já na Pescados Tatiana, Juarez explica que a empresa trabalha com entregas há mais de 20 anos. O que mudou, porém, é que agora estão fazendo um trabalho mais forte de divulgação do serviço, o que vem dando resultados: antes, apenas 30% das vendas ocorriam via delivery, o que agora subiu para algo entre 70 e 80%.

“A loja está aberta, mas estamos atendendo muito mais delivery. Talvez o pessoal agora se acostume mais, também estamos divulgando mais o serviço, que não utilizávamos tanto antes por falta de necessidade mesmo. Agora talvez mude o jeito do cliente comprar, embora nosso ramo seja muito voltado para confiança. O cliente gosta disso, de vir aqui, ver o produto”, afirma Juarez Gerhardt.

Dá para pedir o seu prato de Páscoa por encomenda

Para quem vai comemorar a Páscoa mesmo em meio à pandemia de coronavírus, dá para fazer o pedido por encomenda da refeição. Diversos restaurantes ainda estão ofertando seus serviços por encomenda. Os Restaurantes Victor apresentam o cardápio especial de Páscoa com sete opções de pratos, e preços que vão de R$ 99 a R$ 179 (bacalhaus para uma ou duas pessoas), e opções para retirada na Petiscaria por R$ 129.

Para quem quer preparar seu prato, o Mercado Municipal, que desde o dia 21 de março, está fechado para compras presenciais, passou a oferece este serviço em formato inédito ao longo de 60 anos de história. Bancas de hortifruti, mercearias, peixarias, açougues, lojas, restaurantes, armarinhos, entre outros, organizaram-se para oferecer serviços de delivery e take Away, estão aceitando encomendas por whatsapp e/ ou aplicativos.