Geraldo Bubiniak/AN-PR – Números pressionam por mudança de bandeira

A pandemia do novo coronavírus voltou a ganhar força em Curitiba e em breve a capital paranaense pode ter uma mudança na cor de bandeira, que está atualmente no amarelo (nível 1/alerta) e pode passar para o laranja (nível2/risco médio). A expectativa é que hoje seja feito o anúncio sobre a mudança ou não da bandeira. Um possível retorno ao laranja significaria também a volta das restrições ao funcionamento de serviços e do comércio e de áreas propícias à aglomeração de pessoas, como parques.

A possibilidade de mudança da bandeira foi revelada ontem pelo diretor do Centro de Epidemiologia da Prefeitura de Curitiba, Alcides Oliveira, em entrevista ao Jornal Meio Dia Paraná, da RPC. “Ao longo de toda esta semana nós estamos monitorando diariamente a entrada de casos, os óbitos, ampliação dos leitos. Todos os nossos indicadores já estão percebendo, aumentou e aumentou muito. Tudo é possível para que a partir de amanhã (hoje) haja uma mudança de bandeira”, disse o especialista.

Dados que o Bem Paraná tabulou desde o início da pandemia do novo coronavírus, inclusive, corroboram com a afirmação de Oliveira. No comparativo mês a mês, a média de novos casos de Covid-19 por dia na cidade teve aumento de 178% em novembro em relação a outubro, passando de 284,39 para 790,58. Só ontem, por exemplo, foram 1.604 novos diagnósticos, recorde em um único boletim desde o início da pandemia e, com isso, o número de casos ativos também teve um salto, passando de 12.139 para 12.784 de um dia para o outro (outro recorde).

É bem verdade, entretanto, que o aumento na média de casos novos e no número de casos ativos reflete também o aumento na testagem da população. O número de exames do tipo RT-PCR, por exemplo, aumentou 94% na cidade de agosto a novembro, comparado com os quatro meses anteriores (março a julho). De março, início da pandemia, até 31 de julho, foram 67.998 testes. De agosto até metade de novembro, 132.310.

O problema, no entanto, é que o número de mortes também voltou a avançar aceleradamente. No comparativo mensal, esse salto foi de 24,9%, com a média diária de óbitos saltando de 6,10 em outubro para 7,62 em novembro (dados até o dia 26/11). O número do mês corrente, entretanto, ainda fica abaixo das médias de setembro (9,8 mortes/dia), agosto (14,48) e julho (12,9).

Já a média móvel, que considera os dados da pandemia semana a semana, traz números ainda mais preocupantes. É que até aqui na semana 37, entre os dias 22 e 26 de novembro, a Covid-19 fez 11,4 vítimas por dia na cidade. Trata-se de um aumento de 28,71% na comparação com a semana 36 (entre os dias 15 e 21 de novembro), quando 8,86 vidas foram perdidas por dia por conta de infeção para o novo coronavírus; ou ainda de um aumento de 110% na comparação com a semana 35 (entre os dias 8 e 14/11), quando a média diária de óbitos na cidade ficou em 5,43.

Somente no boletim de ontem, inclusive, foram 18 novos registros de mortes, maior número para um único boletim desde o dia 20 de agosto, quando a cidade confirmou 19 óbitos causados pelo coronavírus.

Nesta semana, quatro hospitais particulares ‘colapsaram’
Outra evidência acerca do agravamento da crise sanitária em Curitiba diz respeito aos hospitais particulares. Nesta semana, quatro estabelecimentos acusaram lotação e deixaram de atender pacientes graves, principalmente aqueles com síndrome gripal. Foram eles; Instituto de Neurologia de Curitiba (INC); Hospital Nossa Senhora das Grças (HNSG), Hospital Marcelino Champagnat e Hospital Sugisawa.

Em todos os casos, o serviço de Pronto-Atendimento foi fechado por tempo indeterminado por conta da alta demanda de pacientes com Covid-19, o que impossibiliou novos internação por conta da ocupação total de leitos disponíveis. Recentemente, inclusive, o presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), Rangel da Silva, declarou que “a chance de faltar leito de UTI é grande se os casos continuarem crescendo”.

RMC — Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), quase 95% dos leitos SUS em UTI para pacientes adultos com suspeita ou confirmação para Covid-19 estavam ocupados até quarta. Conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), divulgados no dia 25, 434 dos 457 leitos existentes estão ocupados, o que dá uma taxa de ocupação de 94,97%.

Evolução da pandemia mês a mês em Curitiba

Novembro
Casos novos por dia: 790,58
Óbitos por dia: 7,62

Outubro
Casos novos por dia: 284,39
Óbitos por dia: 6,10

Setembro
Casos novos por dia: 370,03
Óbitos por dia: 9,80

Agosto
Casos novos por dia: 440,19
Óbitos por dia: 14,48

Julho
Casos novos por dia: 456,39
Óbitos por dia: 12,9

Evolução semana a semana
Semana 37
(entre os dias 22 e 26 de novembro)
Casos novos por dia: 1.325
Óbitos por dia: 11,4

Semana 36
(entre os dias 15 e 21 de novembro)
Casos novos por dia: 1.067,29
Óbitos por dia: 8,86

Semana 35
(entre os dias 8 e 14 de novembro)
Casos novos por dia: 559,43
Óbitos por dia: 5,43

Semana 34
(entre os dias 1º e 7 de novembro)
Casos novos por dia: 363,29
Óbitos por dia: 5,86

Semana 33
(entre os dias 25 e 31 de outubro)
Casos novos por dia: 306,43
Óbitos por dia: 5,14

Boletins Covid-19
Dia 26/11

Curitiba
Novos casos 1.604
Mortes 18
Total
Casos 73.444
Mortes 1.678

Paraná
Novos casos 2.346
Mortes 64
Total
Casos 266.639
Mortes 5.989

Brasil
Novos casos 37.614
Mortes 691
Total
Casos 6.204.220
Mortes 171.460