Valquir Aureliano

Dezenas de pessoas entre amigos e familiares de Mateus Noga fazem, na noite deste sábado (18), uma manifestação no Largo da Ordem, em Curitiba. Segundo a polícia, seriam 150 pessoas, mas o número de pessoas estava crescendo. Com flores brancas às mãos, velas e cartazes pedindo Justiça, eles lembram o jovem que morreu com apenas 22 anos, durante uma ação fa Guarda Municipal de Curitiba no último sábado, dia 12 de setembro, também no Largo da Ordem.

“Mateus Noga, jovem de 22 anos, pai de um bebê de nove meses, trabalhava como chaveiro e foi alvejado por tiros de calibre 12 disparados pela Guarda Municipal enquanto comemorava com amigos a carteira de motorista no último sábado. Além do coração, Mateus teve rins, fígado, baço, intestino e pulmões perfurados. Às 4 horas da madrugada de domingo, veio a óbito e teve sua trajetória encerrada por irresponsabilidade da Estado”, relata a divulgação do evento no Facebook.

“Mateus foi vítima da truculência cotidiana com que as forças policiais atuam contra a população negra e periférica de Curitiba. Os excessos são constantes no Largo da Ordem, logo toda população que frequenta o local está correndo risco de vida”, dizem os organizadores. 

Os manifestantes exigem a divulgação das imagens das câmeras para apurar o ocorrido; responsabilização dos culpados, inclusive dos mandatários da operação; explicações urgentes do prefeito Rafael Greca sobre o ocorrido; e providências da Prefeitura e Guarda Municipal para nunca mais ocorrer casos como esse no Largo e em nenhum outro local da cidade.

A Guarda Municipal alegou que foi chamada para controlar uma briga e que, quando a equipe chegou, foi recebida com garrafas de vidro. Os guardas relataram que “reagiram à agressão”. O jovem baleado chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. Uma adolescente, de 14 anos, e uma mulher, de 31 anos, ficaram feridas. O guarda responsável pelos disparos foi afastado. Segundo a equipe de agentes, o grupo de 300 pessoas estava aglomerado no local, e “grande parte” das pessoas estava consumindo bebidas alcoólicas e “sem respeito ao distanciamento e ao uso de máscara”.