O dólar encerrou com queda superior a 1% nesta quarta-feira, 02, com operadores citando uma série de fatores para justificar o movimento. Depois de subir 0,32% no pregão anterior, a moeda norte-americana terminou em baixa de 1,12%, cotada a R$ 2,198 – levemente abaixo do que o mercado chama de “piso psicológico” de R$ 2,20. Conduziram a baixa a divulgação de dados mais fracos que o esperado sobre a geração de vagas no setor privado norte-americano, o impasse fiscal nos EUA, o leilão de swap cambial do Banco Central pela manhã e um fluxo de entrada de recursos no País à tarde.

Na máxima da sessão, o dólar atingiu R$ 2,2180 (-0,22%) e, na mínima, marcou R$ 2,1970 (-1,17%). No mercado futuro, o dólar para novembro caía 1,03%, para R$ 2,210.

A moeda norte-americana abriu em queda e aprofundou as perdas após a divulgação das novas vagas de trabalho no setor privado norte-americano. De acordo com a Automatic Data Processing/Macroeconomic Advisers (ADP/MA), o setor privado criou 166 mil empregos em setembro, abaixo da previsão de 178 mil. O número deu força à interpretação de que a economia dos EUA ainda está em recuperação e, por isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode adiar a redução de seu programa de estímulos.

Além disso, o mercado manteve a atenção para o impasse fiscal norte-americano. “O que o mercado começa a precificar é a continuação da falta de acordo sobre o Orçamento nos Estados Unidos”, comentou Ricardo Gomes da Silva, superintendente de câmbio da Correparti Corretora. “A valorização do euro ante o dólar não está atrelada apenas à fala do presidente do BCE, Mario Draghi, mas também à desconfiança com o impasse nos EUA”, acrescentou.

Mais cedo, após o Banco Central Europeu (BCE) decidir manter sua taxa básica de juros em 0,5%, o presidente da instituição Draghi afirmou que um corte nos juros foi discutido, mas frisou que o banco está preparado para utilizar todas as ferramentas de que dispõe para manter a política monetária acomodatícia pelo tempo que for necessário.

Ainda pela manhã, o BC vendeu todos os 10 mil contratos de swap cambial oferecidos em leilão, numa operação equivalente à venda de dólares no mercado futuro. Com isso, foram injetados US$ 498,1 milhões no sistema, dentro da programação diária de leilões do BC, o que ajudou no recuo do dólar.

À tarde, o dólar renovou mínimas. O operador de um grande banco afirmou que esse recuo mais intenso foi provocado por certo fluxo de entrada de recursos no Brasil.

Também à tarde, o BC informou que em setembro, até o dia 27, saíram do Brasil US$ 2,573 bilhões líquidos. As operações financeiras responderam por uma entrada líquida de US$ 3,007 bilhões no mês. No comércio exterior, o saldo foi negativo em US$ 5,580 bilhões no período.