Afinal, as máquinas irão ou não roubar nossos trabalhos? A discussão está em alta, mas não há motivos para pessimismo. Atividades que exigem muita repetição ou alta precisão seguirão um caminho natural que é o da automação. Por outro lado, em áreas de trabalho, como a publicidade online, a tecnologia não substitui, mas motiva uma mudança no perfil dos colaboradores: há menos pessoas dedicadas à operação repetitiva do dia a dia e mais gente voltada para a análise. Pouco tempo atrás, não imaginaríamos encontrar um engenheiro ou um matemático trabalhando numa agência, e hoje, extrair números, ler relatórios e acompanhar análises em tempo real tornou-se algo extremamente importante para o setor.
No mundo dos negócios, a clássica divisão entre humanas e exatas não pode existir mais. Surge um novo profissional, que pode ser de humanas e entender lógica, saber programar e analisar números. Ou um profissional de matemática ou estatística consciente das necessidades de negócio. Falando da publicidade, a tendência é que os profissionais sejam cada vez mais completos e multidisciplinares. É um processo que tem sido impulsionado pela tecnologia, tendo como um de seus principais representantes na publicidade digital, a mídia programática.
Nesse processo de transição, é imprescindível, ao mesmo tempo, investir na contratação de perfis mais multidisciplinares e estimular as pessoas a buscar novos conhecimentos. E com a facilidade oferecida pelos cursos online, não há desculpa para não se aprofundar. Há tanto cursos voltados para programação e estatística para os “de humanas”, quanto marketing e negócios para os “de exatas”.
As mudanças no mercado também levam a uma nova dinâmica entre agências, anunciantes e provedores de dados. Se antes eram as agências que propunham tendências inovadoras, hoje são os anunciantes que buscam tecnologias baseadas em dados de audiência, números e publicidade mensurável. Em poucos anos veremos o panorama de marketing ser completamente transformado.
Empresas como adnetworks, DMPs, DSPs, agency trading desks e data providers têm uma escala de custos que demanda uma alta eficiência. Não dá para ter um time enorme. Essa nova realidade demanda profissionais completos, que saibam fazer de tudo. A ideia de times menores com profissionais super flexíveis parece, à primeira vista, uma exploração assustadora. Mas não é. A tecnologia pode liberar as pessoas para realizarem trabalhos mais criativos e menos operacionais, realizando um sonho que até pouco tempo parecia inalcançável. Como não ser otimista?
Adriano Brandão é diretor comercial da empresa Navegg