Lycio Vellozo Ribas – Criança em primeiro dia de aula em escola de Curitiba

As aulas já começaram há quase duas semanas, mas ainda há pais com dificuldade para deixar as crianças tranquilamente nas escolas. Ainda há pais que precisam fazer peripécias para saírem sem ser percebidos pelos filhos e, assim, evitar que os pequenos caiam no choro. Lady Christina Sabadell, diretora geral da Escola Bilíngue Pueri Domus, explica que para os novos alunos da Educação Infantil a escola é, inicialmente, um espaço novo e desconhecido, com um professor que não faz parte do seu círculo de relacionamento. 

“Ir para a escola significa separar-se de pessoas conhecidas e de ambientes seguros. Isso gera insegurança natural, intensificando a dependência dos pais. A criança precisa de um tempo para conhecer e aceitar a escola, adquirindo confiança nela”, conta a diretora, que é pedagoga e psicopedagoga com mais de 30 anos de experiência em educação.

É fundamental as escolas oferecerem períodos de adaptação especial, que variam de criança para criança e, geralmente, costumam se resumir à primeira semana de aula. Além disso, é necessário um olhar cuidadoso e atento por parte dos educadores para que percebam o que aproxima as crianças.

Esse tipo de ação contribui para a consolidação de vínculos afetivos e de vivência. Desta forma se dá o exercício da convivência, quando pequenas ações ajudam a criar relações entre as crianças e o efetivo processo de adaptação.


Dez dicas para a adaptação escolar ser tranquila

1. Converse com a criança sobre a escola
Procure ouvir a criança sem demonstrar ansiedade ou fazer um “questionário”. Conte o que vai acontecer enquanto estiverem na escola. Mantenha a tranquilidade, falando menos e ouvindo mais.

2. Demonstre segurança, sempre
Mostre firmeza na hora de deixar a criança na escola, despedindo-se carinhosamente. Demonstre que gostaria que permanecesse na escola, conhecesse sua classe, os novos amigos e aproveitasse o que lhe vai ser oferecido. Afirme que irá esperar por ela na saída. Organize-se especialmente nos primeiros dias, para que não atrase de forma alguma para buscá-la. O período de adaptação, longo ou breve, é importante tanto para seus filhos, como para os pais. É nesse momento que a confiança na escola se estabelece para ambos. O papel da escola é o de orientá-los e o dos pais, de cuidar e nos ajudar para que esse momento importante seja seguro e tranquilo para a criança.

3. Reforço positivo é importante
Não comente na presença da criança as atitudes negativas dela na escola. Ao contrário, reforce o fato de ter ficado sem chorar, mesmo que por pouco tempo, e ter trabalhado em classe.

4. A importância de estabelecer a rotina
A criança deve vir todos os dias à escola, uniformizada e na hora marcada, respeitando horários de entrada e saída. Deve-se evitar que, neste período, ela chegue com muita antecedência ou permaneça além do horário de saída.

5. Chorar é natural
Nesse período, a maneira que a criança se expressa para demonstrar seu desagrado frente a algo que o incomoda é o choro. Seja firme, paciente e acredite que ela estará bem e que a separação nesta fase é um processo necessário.

6. Objetos de apego
Não é bom mudar a rotina da criança. Essa é a primeira “grande” separação (mãe/criança) e, por isso, algumas delas necessitam de um referencial que faça uma ponte casa/escola. Portanto, os objetos de apego são bem-vindos (paninho, chupeta, ursinho, etc.). Depois da adaptação, aos poucos estes objetos vão sendo deixados de lado.

7. Troca de informações
Toda adaptação gera angústias e inseguranças, tanto em crianças como em adultos. É importante manter um diálogo estreito entre pais e escola, para dar informações sobre a criança e tirar dúvidas. Entre os recursos disponíveis estão entrevista com a coordenação, breve com a professora na hora da saída, trocar recados via agenda e reunião individual com a professora após o primeiro mês de aula.

8. Formas de expressão
Nessa faixa etária, as crianças, por ainda não terem a linguagem verbal totalmente desenvolvida, expressam seu descontentamento, angústia ou insegurança utilizando a linguagem corporal. Como muitos estão na fase oral, período em que sentem a necessidade de levar à boca tudo o que estiver ao seu alcance, eles não compreendem que mordidas, beliscões e puxões de cabelo, machucam e causam dor. É provável que situações como essas aconteçam nesse período, mesmo com a professora atenta. Quando isso ocorrer, os pais são informados.

9. Comportamento diferente
Neste início de ano escolar a criança poderá ter oscilações no comportamento como: choro, medo, receio, falta de apetite, alteração no sono, teste de limites, etc. Há necessidade de tempo para ajustes entre escola, família e criança, o que é perfeitamente normal.

10. Adaptação a uma segunda língua
Outra preocupação dos pais, principalmente para as escolas bilíngues, é a adaptação a uma segunda língua. A aprendizagem de um novo idioma acontece de forma progressiva, respeitando o ritmo de cada criança tanto na primeira língua quanto na segunda.