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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 285 milhões de pessoas visualmente prejudicadas no mundo. Destas, entre 60% a 80% possuem problemas que poderiam ter sido evitados ou combatidos, como uma conjuntivite maltratada ou uma alergia mal diagnosticada, por exemplo. No inverno, em decorrência do clima seco e da baixa umidade do ar, esses e outros problemas oculares aumentam consideravelmente.
“Ficamos mais suscetíveis neste período. Retiramos roupas e cobertores que estavam guardados há meses no armário, ficamos mais em ambientes fechados com outras pessoas e utilizamos calefação e outras formas de aquecimento”, justifica Arthur Rubens Cunha Schaefer, médico cooperado da Unimed Curitiba especialista em oftalmologia e presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia (APO).
Tais doenças podem ser facilmente evitadas se tomados alguns cuidados. A seguir, o médico oftalmologista destaca os principais tipos de doenças oculares no inverno, os públicos mais suscetíveis a elas e como identificar e combater esses problemas.

Como evitar as três doenças oculares de inverno

Conjuntivite epidêmica ou viral
Também conhecida como ceratoconjuntivite epidêmica, é uma infecção do olho causada por vírus, altamente contagiosa. Sintomas como vermelhidão, irritação e comichão nos olhos, inchaço das pálpebras, sensibilidade à luz (fotofobia), corrimento claro ou amarelado (que pode fazer as pálpebras grudarem ao acordar pela manhã), visão embaçada e dor nos olhos podem durar duas semanas ou mais.

O contágio, geralmente, se dá ao tocar nas mãos de alguém infectado ou em superfícies e objetos contaminados. É o tipo de doença ocular que atinge qualquer pessoa. Para evitar a conjuntivite viral é importante manter alguns cuidados, tais como:

  • Evitar tocar nos olhos sempre que possível.
  • Se tocar, lavar as mãos imediatamente.
  • Lavar frequentemente itens (óculos, pincéis) que toquem os olhos.
  • Não compartilhar maquiagem de olhos ou objetos e medicamentos como toalhas, lenços, colírios.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar.
  • Usar lenços descartáveis para assoar o nariz, espirrar ou tossir.

Conjuntivite alérgica
Ainda mais comum em estações suscetíveis à alergia, como a primavera e o inverno, a conjuntivite alérgica é uma inflamação ocular, uma reação do corpo a substâncias potencialmente prejudiciais, como pólen e mofo. Geralmente, nestes casos, os olhos ficam vermelhos, irritados e lacrimejantes. São dois os tipos de conjuntivite alérgica: a aguda e a crônica.
Na primeira, as pálpebras incham repentinamente, apresentam comichão e ardência, com possibilidade de coriza. Já na segunda, menos comum, é uma resposta mais suave aos alérgenos, como comida, poeira e caspa animal. Os sintomas comuns vêm e vão, mas incluem ardência e prurido dos olhos, além de sensibilidade à luz.
Evitar completamente os fatores ambientais que causam conjuntivite alérgica pode ser difícil. A melhor coisa é limitar sua exposição aos gatilhos. Por exemplo: se você sabe que é alérgico ao pó ou perfume, pode tentar minimizar a exposição usando sabonetes e detergentes sem cheiros. E considerar instalar um purificador de ar em casa.

Síndrome do Olho Seco
Esse é um problema geralmente crônico que afeta mais mulheres do que homens e ocorre com maior frequência a partir dos 45 anos de idade. Elas são mais propensas a desenvolver olho seco devido às alterações hormonais, mais notáveis na menopausa.
Deficiência de Ômega 3, uso de medicamentos diuréticos, anti-histamínicos, antidepressivos e anticolinérgicos, Síndrome de Sjögren, artrite reumatoide, Lúpus e outros distúrbios autoimunes, bem como problemas de tireoide, podem contribuir para o desenvolvimento de olho seco. Além disso, fumaça, vento e climas secos podem aumentar a evaporação lacrimal, exacerbando o olho seco.
Lágrimas são constituídas por camadas de óleo, água e muco. Cada camada serve para manter o olho lubrificado. No Olho Seco Evaporativo, o mais comum, a camada de óleo (superfície externa da película lacrimal) é deficiente (tanto pela quantidade e/ou qualidade). Isso faz com que as lágrimas evaporem muito rapidamente ou não se espalhem uniformemente no olho.
Geralmente, ocorre devido à inflamação das pálpebras ou blefarite. Na tentativa de se corrigir, as glândulas lacrimais produzem lágrimas mais aquosas, que não aderem bem ao olho e, muitas vezes, descem pela face. Ironicamente, esse lacrimejamento pode ser um sinal de olho seco. A inflamação é o denominador comum em todos os tipos de olho seco e geralmente está associada a uma concentração elevada de sal (hiperosmolaridade) nas lágrimas.
Evitar permanecer muito tempo sem piscar diante de telas de computador e celular, proteger os olhos de poeira e vento e usar colírios lubrificantes quando sentir os olhos mais secos são algumas formas de evitar essa condição.