A primeira fase do Programa da Grande Esfera-Atmosfera da Amazônia (LBA) foi encerrada com sucesso e as estratégias para a segunda etapa já estão traçadas, de acordo com Paulo Artaxo, um dos coordenadores do programa cujo objetivo é aumentar o conhecimento sobre as relações entre o uso da terra e o clima amazônico.


Os membros do comitê científico responsável pelo LBA se reuniram nos dias 19 e 20, em Campinas (SP), para traçar os rumos do programa. Segundo Artaxo, o LBA é um dos maiores experimentos científicos em andamento no mundo. No Brasil, mais de mil pesquisadores e estudantes participam da execução de uma agenda científica integrada.


“Os resultados, medidos por várias métricas, são muito bons, incluindo a formação de recursos humanos na Amazônia, a expressiva e extensa lista de publicações científicas e as descobertas científicas sobre o funcionamento integrado do ecossistema amazônico”, disse Artaxo à Agência FAPESP.


Os trabalhos de pesquisadores do LBA geraram a publicação de quatro artigos nas revistas Nature e Science, além de mais de 1,5 mil artigos em outras revistas científicas. O programa produziu ainda cerca de 150 projetos de pesquisa de ciência de ponta e mais de 500 mestres e doutores foram formados na região amazônica.


Artaxo, professor titular e chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), explica que o programa foi constantemente adaptado às descobertas científicas realizadas ao longo dos mais de dez anos de existência do LBA. “O novo plano científico para a segunda fase do programa foi desenhado de acordo com esses avanços”, apontou.


O novo plano, segundo Artaxo, baseia-se em três grandes tripés, que se relacionam de forma integrada: a interação biosfera-atmosfera, o ciclo hidrológico e as dimensões sociopolíticas e econômicas das mudanças ambientais.


“São também três focos de pesquisa. O primeiro se refere aos processos: as mudanças no ambiente amazônico. O segundo se refere às conseqüências: a sustentabilidade dos serviços ambientais e os sistemas de produção terrestres e aquáticos. O terceiro foco se refere às respostas: a variabilidade climática e hidrológica e sua dinâmica – retroalimentação, mitigação e adaptação”, explicou.


As características da segunda fase do projeto incluem a ênfase em abordagem de mesoescala, a integração de domínios disciplinares, a otimização da infra-estrutura para pesquisa e a valorização de recursos humanos.


Segundo Artaxo, na nova fase o programa deverá estudar temas como a relação entre desmatamento e as quantidades e padrões de precipitação, as taxas de deposição seca e úmida de nutrientes na Amazônia, a expansão dos estudos climáticos e ambientais para as sub-regiões da Amazônia andina e da Guiana e indicadores de sustentabilidade.