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Ao dar de ombros a formas menos ortodoxas de ensino e ao ignorar em larga medida o funcionamento de uma sala de aula tradicional, Cezar Augustus Essenfelder de Azevedo lançou uma proposta de ensino disruptiva, e suscita na cabeça de seus alunos a questão — “Programação não é difícil, requer um cérebro computacional e a disposição de aprender na prática, o que só é visto na teoria. “
Nascido para codificar e na docência há sete anos, Cezar de Azevedo é coordenador do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) do Centro Universitário Unisociesc Curitiba, no campus Palácio Avenida, no centro da capital. “A maioria das escolas faz um currículo voltado para o aluno virar cientista de desenvolvimento de sistemas, ou aluno como produto, um número para compor uma renda para gerar receita. Nós somos voltados para atender os alunos e as necessidades de mercado”, enfatiza Cezar. O primeiro passo do aluno nessa disciplina é se descobrir nesse universo e entender que ele não está na sala de aula apenas pelo diploma. “Damos as ferramentas e eles constroem as pontes que os levarão ao primeiro emprego no mercado de trabalho. Nossa pegada de mercado é muito forte”, reitera.
Em uma época de reduções no número de contratos de financiamento estudantil no Estado e alto índice de desemprego no país, 12% em fevereiro, manter os alunos em uma instituição de ensino e engajados, é um grande desafio para a docência. O panorama, segundo dados de 2017, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), é de uma queda de 83,3% em novos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
 
Indagado sobre o segredo de manter seus alunos em sala, com índices quase inexistentes de faltas e evasão zero, o professor responde: “Aprendi nos últimos anos de coordenação de curso a ser muito transparente e honesto com meus alunos, ter capacidade de admitir os erros e consertá-los. Somos completamente adaptados para cada aluno da escola. A gente conhece a necessidade deles e foca na individualização do conhecimento para o crescimento deles coletivamente durante o curso. “
 
Andreia Caldani, diretora da regional Unisociesc Paraná reforça que o mundo do trabalho exige um indivíduo versátil. “O que procuramos passar aos alunos é uma formação completa, transformadora, para que ele faça a diferença como cidadão e profissional na sociedade”, diz. É um esforço cooperativo à outras áreas do conhecimento.
 
Segundo Cezar, Andreia Caldani é a grande mentora do “projeto-Cezar” na docência. A diretora foi buscá-lo no mercado de trabalho, porque precisava de alguém que fizesse uma mudança no modelo de ensino de TI. Em sua passagem por outras instituições de ensino, o professor relembra que havia somente um computador para cada três alunos. Enquanto um programava os outros eram meros espectadores. “Na Unisociesc é um computador por aluno, que tem um plano de desenvolvimento traçado e individualizado. Nosso aluno chega forte no mercado”, pontua o docente.
 
A percepção das deficiências no ensino de ADS vem dos 30 anos de vivência do professor na área de tecnologia da informação dentro de sistemas. É evidente, segundo Azevedo, a carência de desenvolvedores de sistemas preparados para as exigências atuais. Fora da sala de aula, ele compõe a área de inovação do grupo Madero, tecnologia e processos – Big data, machine learning e novas tecnologias para os negócios do grupo. Com passagem por empresas como Daimler Chrysler, BMW, Mondelez, Battistella Holding e a Unimed Campo Grande.
 
Em uma breve digressão, salta aos olhos — “a maioria das grades de ensino de informática obedece um modelo ultrapassado há duas décadas”, afirma Cezar. ‘E os alunos têm ânsia de aprender linguagem de programação – É Phyton desde o primeiro dia de aula”‘, diz o professor que não conseguiu passar no vestibular na universidade pública, a doença do pai e a mudança de cidade tornou o sonho da graduação ainda mais difícil. Em 1987, trabalhava o dia todo no país vizinho, o Paraguai e caminhava quilômetros para chegar às aulas.
 
À época, os mesmos professores que davam aulas na faculdade, trabalhavam na área de informática da Itaipu Nacional, onde ele também trabalhou, o que tornou o aprendizado “genial”. Historicamente, quando o Windows 95 foi lançado, Cezar conta que pode ter sido um dos primeiros a testar o equipamento na usina hidrelétrica. Alexandre dos Santos Pacheco – “esse professor mudou a minha vida com constantes desafios. Trago isso para os meus alunos na sala de aula”, relembra o professor que usa a estratégia da informação como valor.
 
E sobre o futuro?
 
O professor afirma que o futuro será da inteligência artificial. “Ao invés de vê-la como ameaça aos nossos empregos, nós temos que formar pessoas capazes de treinar robôs e torná-los aptos a criar sua própria inteligência e interpretar as informações dentro de sistemas”. Segundo ele, alguns cursos centenários já não atendem as demandas do mercado, que precisa de bons engenheiros, mais que qualquer outra formação. Investir em cursos que disponibilizam recursos de tecnologia e computacionais são muito mais onerosos, mas são vitais para a sociedade. O futuro é agora.
 
Ao saber que havia recebido o prêmio de professor com a maior retenção de alunos da instituição na qual trabalha, o docente dedica o mérito ao time de professores comprometidos com a proposta de valores que levam às pessoas, e também aos alunos, que se dedicam ao aprendizado. “Nenhum aluno desistiu do curso, todos voltaram. Existe uma ligação muito forte entre nós e eles. Os professores que trabalham conosco precisam entrar no mesmo propósito. O segredo? É não ter segredos”, finaliza o professor da Unisociesc Curitiba.
 
Cezar Augustus Essenfelder de Azevedo é formado em Análise de Sistemas e Processamento de Dados. Interrompeu o mestrado em Ciências da Computação Aplicada para mergulhar na Ciência da Tecnologia e Inovação, na Universidade Federal do Paraná.
O professor recebeu o prêmio da Unisociesc, que integra o grupo  Ânima Educação, na cidade de Joinville, neste mês de abril.