Henry Milleo – Albertino participa das recepções aos calouros: aos 85 anos

Aprender é a coisa mais inteligente que alguém pode fazer, independente da idade. E ontem o início do ano letivo trouxe um belo exemplo disso. A Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) está recepcionando aquele que é, possivelmente, o calouro mais velho do ensino superior no estado: Albertino Rodrigues Pipa, que aos 85 anos decidiu começar a cursar Psicologia na instituição.

Formado em Ciências Contábeis e Direito pela Universidade Federal do Paraná, Seu Albertino graduou-se nos anos de 1953 e 1961, respectivamente. Atualmente administra uma empresa de locação de produtos para a construção civil e estudará no período da noite, dividindo-se entre a faculdade e o trabalho.

“Eu resolvi fazer o curso simplesmente para poder ajudar muita gente com problemas de ordem psicológica”, conta o idoso, que tem uma filha que é médica-psiquiatra. “Eu espero me formar nos cinco anos e colar grau em 2025, aos 90 anos de idade. A minha saúde, tirando os problemas da idade, está ótima”, comenta.

Em seu primeiro dia como aluno, Albertino conta, aos risos, que foi “objeto de muita curiosidade”, para repetir os termos empregados pelo próprio. “Acho que, quando entrar na sala, os calouros vão ficar muito assustados comigo”, brinca. Por outro lado, a esperança é de motivar mais gente a seguir o mesmo rumo que ele está tomando. “Sem dúvida, muita gente vai se animar e voltar a estudar depois de ver a reportagem”.

Coordenador do curso de Psicologia na UTP, Milton Magnabosco diz que é comum a instituição receber alunos mais velhos, com idade entre 50 e 60 anos. “Mas nessa faixa dele é novidade, algo inédito”. A expectativa, inclusive, é grande para os primeiros contatos entre aluno e professores. “Estão todos bem animados, com muita expectativa. É um aluno, de certa forma, bem diferenciado e estamos bem felizes por ele estar interessado em Psicologia.”

Repercussão do bem
Até aqui, comenta Milton Magnabosco, a repercussão envolvendo a chegada do novo calouro é bastante positiva, tanto que a expectativa do próprio Albertino e a do coordenador do curso de Psicologia da UTP é que, com a notícia se espalhando, mais idosos e outras pessoas decidam retomar os estudos. “Abre perspectiva para novas pessoas que querem voltar a estudar. Que se animem e façam isso”, comenta Magnabosco, relatando ainda que as pessoas com mais idade costumam se adaptar bem aos estudos. “Eles buscam aprimoramento. As pessoas mais velhas, mais maduras, têm mais facilidade de interação com os professores e geramente vêm abertas à novos relacionamentos. A própria psicologia, inclusive, propõe isso, abertura para relacionamentos. Quando já não vem com isso, acaba aprendendo durante o curso”, explica o coordenador.