Todos os anos, o contrabando, o descaminho e a pirataria fazem com que o Brasil deixe de arrecadar cerca de R$ 100 bilhões e de criar dois milhões de empregos formais. O Paraná, inclusive, é uma das principais portas de entrada para essas mercadorias, até mesmo por conta da proximidade com o Paraguai. Entretanto, o problema, que é grave, ainda é visto por muitos como um crime menor, segundo o Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita).

E para tentar mudar a forma de pensar dos paranaenses, a aposta é na educação e na conscientização. Por isso, Curitiba receberá de hoje até a sexta-feira a Semana Original, com palestras e ações educativas visando a educação fiscal.

A pirataria, o contrabando e o descaminho são hoje crimes socialmente aceitos. Por isso é preciso alertar a sociedade sobre esse crime completamente nefasto, afirma Silvia de Alencar, presidente do Sindireceita. Não é só a economia que é afetada. A saúde sofre, porque quando você compra um remédio pirata, as chances de ter algum problema e precisar de atendimento médido são muito maiores. Além disso, esses crimes são hoje os grandes financiadores do crime organizado no nosso país, propiciando a entrada de munição e armamento. Ao comprar um produto de forma irregular, você está financiando o crack que pode acabar viciando seu filho ou até mesmo a arma do bandido que pode te assaltar amanhã ou matar um ente querido, completa.

De acordo com dados da Receita Federal, o número de apreensões tem crescido cerca de 10% ao ano. Somente no Paraná foram apreendidos neste ano US$ 172 milhões em mercadorias contrabandeadas ou descaminhadas. Foz do Iguaçu (62% do total de apreensões), Cascavel (13%) e Maringá (11%) são os campeões de mercadorias ilegais.

Somente do Paraguai entram a cada ano R$ 20 bilhões em produtos contrabandeados no país, segundo o Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP). Segundo Sergio Antônio Lorente, chefe da Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho, esses produtos chegam ao país por meio das fronteiras, dos aeroportos ou dos portos, sendo em seguida encaminhados para grandes cidades, como Curitiba e São Paulo.

Esses produtos que passam por aqui têm como destino os grandes centros. A lógica é a mesma do comércio formal: vender em grandes centros de consumo. Eles passam por aqui para serem destinados a grandes cidades, afirma Sergio, que conta ainda encontrar todo tipo de produto nas apreensões.

Já vimos de tudo, desde próteses até fantasias, roupas e produtos eróticos. Contudo, os produtos mais apreendidos são cigarros, informática, eletrônicos, brinquedos e também videogames e celulares, principalmente quando são novidades.
A Semana Original terá palestras, ações com estudantes do ensino fundamental de Curitiba e panfletagem em pontos de grande ciculação na Capital.