
Foi sofrido, mas o Coritiba conseguiu, após dois anos, garantir o retorno à elite do futebol brasileiro. E passadas as comemorações pelo acesso, é hora de começar a pensar e a planejar 2020 para cumprir com aquela que, talvez, seja a parte mais difícil da missão coxa-branca: garantir a permanência na Primeira Divisão na próxima temporada, evitando o chamado ‘efeito ioiô’.
Um levantamento feito pelo Bem Paraná, inclusive, revela que 34,6% dos clubes que sobem de divisão acabam rebaixados logo no ano seguinte. Foram consideradas as edições do Brasileirão a partir de 2007, tendo em vista que, na Série B, a disputa por pontos corridos com 20 times competindo por quatro vagas na elite (modelo atual) fora implementada apenas em 2006.
Até hoje, dos 54 clubes que disputaram a primeira divisão na condição de ‘novatos’ ou recém-promovidos, 18 acabaram rebaixados. O ano com mais times voltando à segunda já no ano subsequente ao acesso foi 2015, quando Joinville, Vasco e Avaí acabaram rebaixados e o único dos quatro primeiros da Série B do ano anterior a se salvar foi a Ponte Preta. Por outro lado, em 2013 e 2014 nenhuma das equipes que subiu de divisão acabou rebaixada no ano imediatamente seguinte ao do acesso.
Para os coxa-brancas, a boa notícia é que duas das melhores campanhas do clube na elite do futebol nacional em anos recentes aconteceram justamente em anos subsequentes ao acesso à Primeira Divisão. Em 2008, por exemplo, o clube chegou a terminar o primeiro turno do Brasileirão falando em disputar o título nacional. Acabou em 9º lugar com 53 pontos e o atacante Keirrison na artilharia.
Já em 2011 o clube foi vice-campeão da Copa do Brasil (acabou derrotado pelo Vasco na decisão) e realizou uma campanha memorável no Brasileirão: ficou em 8º lugar, com 57 pontos, e disputou até a última rodada uma vaga na Copa Libertadores. A vaga na principal competição continental escapou do clube na última rodada, após uma derrota por 1 a 0 para o rebaixado Athletico-PR na Arena da Baixada.
Segunda chance para Pastana
Um dos primeiros passos a ser dado no planejamento coxa-branca para 2020 é definir quem será o executivo de futebol do clube. E Rodrigo Pastana, atualmente no cargo, já teria um acordo apalavrado para renovar o vínculo com o clube até o final da próxima temporada.
Dessa forma, o dirigente terá uma ‘segunda chance’ trabalhando na Primeira Divisão. Em 2017, ele foi um dos responsáveis pela montagem do elenco do Paraná Clube que garantiu o acesso à Primeira Divisão após 10 anos de Série B, mas no ano seguinte fracassou ao dar continuidade no trabalho num nível mais alto. Ele acabou demitido em setembro de 2018, enquanto o Tricolor teve um dos piores desempenhos na historia do Campeonato Brasileiro: apenas 20 pontos somados, com quatro vitórias e 11 empates em 38 partidas, apenas 18 gols marcados e 57 sofridos.
No Coritiba, porém, Pastana tem como trunfo o fato de contar com um orçamento consideravelmente maior em relação ao que teve o Paraná para a disputa do Brasileirão. Para se ter noção dessa diferença, o orçamento alviverde em 2019, mesmo com o clube na Série B, era maior do que o orçamento paranista em 2018, quando o Paraná estava na elite. O objetivo é que ele monte um elenco que possibilite ao clube permanecer na Primeira Divisão e buscar uma vaga na Copa Sul-Americana de 2021.
Campanhas dos clubes recém-promovidos à Primeira Divisão
Clube: pontuação (colocação)
2007
Atlético-MG: 55 (8º)
Sport: 51 (14º)
Náutico: 49 (15º)
América-RN: 17 (20º)
2008
Coritiba: 53 (9º)
Ipatinga: 35 (20º)
Portuguesa: 38 (19º)
Vitória: 52 (10º)
2009
Corinthians: 52 (10º)
Santo André: 41 (18º)
Avaí: 57 (6º)
Grêmio Barueri: 49 (11º)
2010
Vasco: 49 (11º)
Guarani: 37 (18º)
Ceará: 47 (12º)
Atlético-GO: 42 (16º)
2011
Coritiba: 57 (8º)
Figueirense: 58 (7º)
Bahia: 46 (14º)
América-MG: 37 (19º)
2012
Portuguesa: 45 (16º)
Náutico: 49 (12º)
Ponte Preta: 48 (14º)
Sport: 41 (17º)
2013
Goiás: 59 (6º)
Criciúma: 46 (14º)
Atlético-PR: 64 (3º)
Vitória: 59 (5º)
2014
Palmeiras: 40 (16º)
Chapecoense: 43 (15º)
Sport: 52 (11º)
Figueirense: 47 (13º)
2015
Joinville: 31 (20º)
Ponte Preta: 51 (11º)
Vasco: 41 (18º)
Avaí: 42 (17º)
2016
Botafogo: 59 (5º)
Santa Cruz: 31 (19º)
Vitória: 45 (16º)
América-MG: 28 (20º)
2017
Atlético-GO: 36 (20º)
Avaí: 43 (18º)
Vasco: 56 (7º)
Bahia: 50 (13º)
2018
América-MG: 40 (18º)
Internacional: 69 (3º)
Ceará: 44 (15º)
Paraná: 23 (20º)
2019
Fortaleza: 50 (9º)
CSA: 32 (18º)
Avaí: 19 (20º)
Goiás: 49 (10º)