Enani Ogata – Aglomerações em bares devem ser evitados

O novo coronavírus (Covid-19) assusta. Em todo o mundo já são mais de 80 mil pessoas infectadas em cerca de 50 países, com a imposição de quarentenas em algumas localidades de países como a China e a Itália. O contágio acontece praticamente da mesma forma que uma gripe comum, só que o Covid-19 se espalha mais rapidamente.

Com tudo isso, os setores que dependem da circulação de pessoas para faturar, como os restaurantes, bares e os grandes eventos (sejam de lazer, esportivos, científicos ou mesmo de negócios), tendem a ser mais impactos num cenário desses.

A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), por exemplo, comenta que até o momento o setor ainda não foi impactado. Isso, no entanto, porque ainda não houveram casos confirmados em Curitiba ou no Paraná e também porque estamos no verão. Com a chegada do outono (20 de março) e, principalmente, do inverno (20 de junho), porém, a tendência é que essa situação se modifique.

De acordo com Fabio Aguayo, em 2009, quando houve o surto de H1N1, os bares e casas noturnas da cidade tiveram de lidar com uma queda de 40 a 60% no movimento. “Óbvio que agora (o Coronavírus) também pode prejudicar, ainda mais por ser um setor que recebe muitos turistas. Então pode criar esse afastamento, sim. Estimamos que vai cair em pelo menos 20% o movimento. Quem vai se dar bem são os aplicativos de delivery”, comenta o presidente da Abrabar.

No setor de eventos, o Curitiba e Região Convention e Visitors Bureau (CCVB) comenta que, até aqui, nenhum evento promovido em Curitiba foi cancelado por conta da epidemia mundial de coronavírus. Ainda assim, a entidade informou que “todas as medidas cabíveis serão tomadas no sentido de preservar a saúde dos envolvidos com o setor, caso haja a real necessidade.”

Indústria de eletroeletrônicos sente impacto

Em nível nacional, um dos setores já impactados pela crise do coronavírus é o de produção de eletroeletrônicos. Nesta segunda-feira (9), a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgou uma sondagem a qual revela que 70% das empresas desse ramo já apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes da China.

Ainda segundo a Abinee, a situação de desabastecimento é observada principalmente entre os fabricantes de produtos de Tecnologia da Informação (celulares, computadores, entre outros). 6% das indústrias já operam com paralisação parcial em suas fábricas, enquanto outras 14% já programaram paralisações para os próximos dias.

Crise da doença vem quando setor esboça recuperação

De acordo com Fernanda Skraba, proprietária da Mark Messe Eventos, desde 2015 o setor de eventos em Curitiba vem registrando quedas consecutivas. “A gente vem de um período que teve queda significativa, substancial, desde 2015. No ano passado, segundo semestre, tivemos uma recuperação e 2020 está com resultados superiores a 2019. Para 2021, as previsões são melhores ainda”, aponta.

Dessa forma, a epidemia global de coronavírus vem justamente num momento de recuperação para esse mercado. Mas ainda assim não é algo que preocupe demasiado, segundo Fernanda. “Acredito (que o coronavírus) não vai impactar diretamente, não. São alguns eventos específicos que se evita, como jogos de futebol e shows, que têm aglomeração maior de pessoas. Mas eventos técnicos científicos, voltados para público específico, feiras de negócios, não vai ter uma expressão significativa, vai ser algo pontual”, opina.

Ainda segundo ela, mesmo no auge do surto de H1N1, em 2009, não houveram eventos cancelados em Curitiba. Na época, o que se notou foi uma redução na participação do público. “Tivemos um congresso bem no auge do H1N1. Tivemos um porcentual de pessoas que deixaram de ir para os eventos pela situação, mas nenhum evento cancelado. Na época criamos alguns kits de higienização, álcool gel em todas as áreas do evento, para as pessoas se sentirem mais seguras, e também dávamos orientação antes das palestras”, recorda.

Abrabar faz recomendação aos empresários

Presidente da Abrabar, Fabio Aguayo comenta que há mais de um mês solicitou às secretarias municipal e Estadual de Saúde solicitando uma audiência para tratar sobre o coronavírus, mas que até aqui não teve resposta. “Queríamos prevenir isso, mas agora os casos já estão acontecendo. A primeira coisa que eles mandam fechar é bares, restaurantes, show, eventos de entretenimento em geral”, critica o representante da categoria.

Por conta dessa demora na resposta, a Abrabar tem seguido as orientações do Ministério da Saúde e recomendado uma série de ações naos empresários, especialmente para que redobrem a atenção na limpeza, com higienização dos banheiros (inclusive maçanetas e torneiras), de corrimãos, mesas e apoio, copos e talheres, bem como que orientem os clientes a não dividirem copos, garrafas (long neck), lata de cerveja, água e refrigerantes.

Aos funcionários, a recomendação é que trabalhem com máscaras. Além disso, pede-se para que tenha nos banheiros álcool gel ou sabão neutro para limpeza das mãos e que seja oferecido aos clientes, gratuitamente, máscaras de proteção. Outra medida considerada impoortante é manter o ambiente ventilado naturalmente, que sejam instalados ventiladores em locais estratégicos e que fiquem ligados os exaustores e equipamentos de renovação do ar.

Rápida

‘Calejados’
Uma boa notícia é que em Curitiba esses mercados já estão, de certa forma, ‘calejados’ por conta da experiência adquirida há cerca de 10 anos, quando houve a pandemia de gripe A (H1N1). Proprietária da Mark Messe Eventos, a empresária Fernanda Skraba explica que no momento há mais um ‘alvoroço do que o impacto direto’ sobre o setor. Segundo ela, os organizadores de evento estão encarando o cenário atual como sendo algo parecido com o episódio de pandemia de H1N1. “Orientamos os congressistas sobre os cuidados básicos.Vamos manter álcool gel para fazer higienização, mas são cuidados, mais para orientação do que para criar um tumulto”, ressalta.