Franklin de Freitas

Pela primeira vez, mais se morre do que se nasce no Paraná. Dados parciais de abril, divulgados pelos Cartórios de Registro Civil, mostram que até ontem haviam falecido 1.844 pessoas, ao passo que o número de nascimentos foi de apenas 1.765, o que significa um saldo de 79 mortes a mais do que nascimentos no estado. Se essa tendência se confirmar ao final de abril, será o primeiro mês na história recente que o estado terá mais vidas chegando ao fim do que outras tendo início.

Para a realização do presente levantamento, o Bem Paraná se valeu de dois bancos de dados. O primeiro é o Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) e com dados sobre o registro de nascimentos e óbitos mês a mês, do início de 2015 até abril de 2021 (dados parciais). O outro é a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com dados mês a mês entre 2003 e 2019 e acessado por meio do SIDRA. As duas plataformas são públicas e podem ser acessadas por qualquer pessoa.

Ao longo da série histórica, o Paraná nunca fechou um mês com mais falecimentos do que nascimentos. Nos últimos meses, porém, diante da escalada da pandemia e do agravamento da crise sanitária, a proporção de nascimentos em relação aos óbitos começou a cair de forma vertiginosa. Em março último, por exemplo, foram 12.957 nascimentos e 11.724 mortes – proporção de 1,11 nascimento para cada óbito. Antes do novo coronavírus, o estado havia registrado, entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2021, um total de 829.745 nascimentos e 381.423 óbitos. Para cada falecimento, portanto, 2,18 pessoas nasceram.

Depois da crise sanitária ter início, entre março do ano passado e abril deste ano, 159.193 vidas surgiram enquanto outras 95.359 chegaram ao fim. Para cada óbito, então, tivemos apenas 1,67 nascimento, uma redução de 23% na comparação com o período pré-pandêmico.

Utilizando a estatística anual como comparativo, verificamos ainda que entre 2003 e 2019 registrou-se, em todos os anos, mais de dois nascimentos para cada óbito, em média. O maior valor fica com o ano de 2005, quando 155.555 paranaenses nasceram e 58.758 faleceram – 2,65 nascimentos para cada óbito.
No ano passado esse número já havia caído para 1,86 nascimento para cada morte (145.677 que vieram à luz versus 78.449 óbitos), valor que chegou a 1,37 em 2021 (38.704 partos até 11 de abril e 28.161 mortes).

Mais 83 óbitos no Estado. Vítimas tinham entre 27 e 91 anos
O boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), divulgado ontem, revelou a confirmação de 1.868 casos confirmados e 83 mortes em decorrência da infecção causada pelo novo coronavírus. As vítimas são 39 mulheres e 44 homens, com idades que variam de 27 a 91 anos. Os dados acumulados do monitoramento da Covid-19 mostram que o Paraná soma 877.932 casos confirmados e 18.958 mortos pela doença.
Já em Curitiba, a Secretaria Municipal da Saúde anotou 654 novos diagnósticos para a doenã e 28 óbitos de moradores, sendo que vinte e quatro desses falecimentos ocorreram nas últimas 48 horas. As vítimas são 14 homens e 14 mulheres, com idades entre 43 e 87 anos. Até o momento foram contabilizadas 4.204 mortes na cidade e 181.126 testes positivos para a doença.

Covid-19 já é responsável por metade dos óbitos
Desde março do ano passado, quando teve início a pandemia do novo coronavírus no Brasil, 95.359 pessoas faleceram do Paraná. Desses óbitos, 22.225 foram confirmados ou eram suspeitos de Covid-19, o que significa que a doença pandêmica já é responsável por praticamente uma em cada quatro mortes no estado, uma proporção que está aumentando nos últimos meses, com a terceira onda da doença e o surgimento de novas variantes do coronavírus
Em março passado, por exemplo, os cartórios de Registro Civil anotaram 11.724 mortes no Paraná, recorde absoluto na série histórica iniciada em 2003. Desse total de falecimentos, 5.804 foram causados ou tinham suspeita de infecção pela Covid-19 – 49,51% do total. Já em abril, os dados parciais dos cartórios apontam o registro de 1.844 mortes, 960 tendo sido causadas ou com suspeita para o novo coronavírus – 52,06% do total.