Leopoldo Silva/Agencia Senado – Wajngarten: revista desmentiu

O depoimento do ex-secretário da Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a atuação da administração federal na pandemia da Covid-19 teve bate-boca e troca de xingamentos entre senadores, e ameaça de prisão do depoente. A prisão de Wajngarten foi pedida pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB/AL), depois que a revista Veja divulgou áudio da entrevista em que o ex-secretário apontava a “incompetência” do Ministério da Saúde, então comandado pelo general Eduardo Pazuello, pela falta de vacinas.

No depoimento, Wajngarten, porém, negou ter criticado Pazuello. Calheiros, então, defendeu que ele tivesse a prisão decretada por mentir à CPI, mas o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD/AM), rejeitou o pedido. “Vossa Excelência, mais uma vez mente. Mentiu diante dos áudios publicados, mentiu por mudar a versão com relação à entrevista que deu e continua mentindo”, disse Calheiros a Wajngarten. “Diante do flagrante evidente, vou pedir a prisão de vossa senhoria”, defendeu.

Em resposta, Aziz disse que não tomaria a decisão de prender ou não Wajngarten e que a escolha caberia a outros órgãos. “Não tomarei essa decisão. Eu tenho tomado decisões aqui muito equilibradas até o momento, mas eu ser carcereiro de alguém, não. Sou democrata. Se ele mentiu, temos como pedir indiciamento dele, mandar para o Ministério Público para ele ser preso, mas não por mim. Só depois que ele for julgado, e aqui não é tribunal de julgamento”, disse o presidente da CPI.

No depoimento, Wajngarten disse ter entregue em 12 de setembro, um documento da Pfizer estava oferecendo vacina para o Brasil. A carta do CEO da Pfizer enviada ao presidente Jair Bolsonaro em setembro do ano passado também foi endereçada ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao então ministro da Casa Civil (hoje Defesa), Walter Braga Netto, ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao Embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster.

“Vagabundo”

A sessão de depoimento precisou ser suspensa após uma troca de ofensas entre Calheiros e o senador Flávio Bolsonaro (Repub/RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Ele reclamou que Calheiros estaria fazendo da CPI um “palanque” e chamou o relator de “vagabundo” ao comentar sobre o pedido de prisão em flagrante de Wajngarten. “Imagina a situação: cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros”, afirmou Flávio. Calheiros devolveu o ataque. “Vagabundo é você que roubou dinheiro do seu pessoal, do seu gabinete”, disse.