SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os ônibus intermunicipais quebraram mais vezes no ano passado na Grande São Paulo. De acordo com dados da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), em média, foram 282,7 coletivos quebrados por mês, um aumento de 20,85% em relação a 2017 (233,92 em média, por mês).


As causas principais entre janeiro e outubro de 2018, segundo a EMTU, foram problemas no motor, na partida, vazamentos de água, ar, óleo ou diesel, falhas no validador do cartão Bom e na embreagem. A frota intermunicipal é de 4.327 veículos, com idade média de 7,3 anos. A EMTU é uma empresa estadual, atualmente sob a gestão João Doria (PSDB).


A falta da manutenção de prevenção é uma das principais causas para essas avarias nos veículos, segundo o consultor em segurança no trânsito Horácio Augusto Figueira. 


“É preciso estabelecer essa exigência já no contrato. Não se pode deixar peças com tempo útil vencido nos ônibus, mesmo que as peças ainda estejam em bom estado. Precisa ter uma manutenção de aviação. É mais caro, mas não prejudica o passageiro nem a receita da empresa”, avalia Figueira.


Nos últimos dias, um ônibus intermunicipal deixou de circular porque quebrou antes mesmo de fazer a primeira viagem do dia. O coletivo, da linha 522 Guarulhos (Jardim Cumbica/Parque Brasília)/São Paulo (metrô Armênia), da viação Vila Nova Galvão, quebrou na rodovia Dutra e ficou por seis horas parado, aguardando reparo, entre as 6h30 e as 12h30. Sem passageiros, o ônibus tinha saído da Armênia (zona norte) rumo a Guarulhos e iria começar a circular às 7h. Para Figueira, os coletivos intermunicipais têm desgaste mais rápido. “Eles rodam em vias e estradas que não são tão boas, cheias de buracos, e nem sempre têm asfalto.”


‘SERVIÇO É PÉSSIMO’


No terminal Bandeira, na região central de São Paulo, passageiros têm queixas das condições dos ônibus intermunicipais. A berçarista Maria Irancide da Silva, 49, reclama que o serviço é muito caro e os benefícios são poucos para os passageiros. “Os ônibus não são conservados, quebram, o ferro é solto em alguns deles. O serviço é péssimo, tanto os municipais quanto os intermunicipais.” A servente Irandir Soares da Silva, 61, mora em Suzano (Grande SP) e diz demorar três horas, em quatro conduções, entre ônibus intermunicipal e trem, para chegar à região central da capital. 


“Esses ônibus quebram muito, pelo menos uma vez por mês. Já estive em vários desses e me atrasei por ter que descer e esperar o próximo. E pago R$ 6,15 por isso. E já até machuquei a coluna, de tão lotados que são”, afirma. 


INSPEÇÕES PERIÓDICAS


A EMTU, empresa do governo do estado, afirmou em nota que faz inspeções periódicas na frota, e que são vistoriados cerca de 400 itens de conservação, manutenção e segurança. As empresas, disse, são obrigadas contratualmente a fazer manutenção preventiva. 


A EMTU afirmou ainda que, se preciso, a reposição do veículo é feita no menor tempo possível. Sobre o ônibus quebrado na Dutra, afirmou que a demora se deu porque foi preciso retirar uma peça em estoque, mas que a linha 522 não sofreu atrasos, pois um veículo substituiu o ônibus quebrado.


A gestão Bruno Covas (PSDB) disse que a nova tarifa da capital é baseada na inflação acumulada dos últimos três anos (13,06%) e que acompanha o serviço prestado pelas concessionárias.