Acrise financeira global causou a redução de até 40% na demanda por fretes na Grande Curitiba, segundo estimativas de Rondi Santos, responsável pelo setor de cargas gerais do Sindicato dos Caminhoneiros (Sindican). “Foi uma queda mais ou menos igual a do restante do país, mas que já está começando a circular normalmente na região de Curitiba”, afirma.

Já as empresas transportadoras registraram uma queda menor, em média, de 20%. “Mas houve segmentos em que a redução chegou a 30%, caso do transporte de automóveis”, cita Luiz Carlos Podzwato, superintendente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Cargas do Paraná (Setecpar). Ele aponta a ainda o segmento de cargas fracionadas como outro a sentir mais a queda.. “Nos dois casos, a queda da demanda está ligada ao recuo do consumo”, explica.

Na Cargo Shop Logística Ltda, um misto de estacionamento e central de cargas para caminhoneiros aberta há um mês, a oferta de frete existe. “Mas como houve uma retração no País em torno de 50%, hoje temos uma oferta maior de caminhões do que de cargas e, com isso, nem sempre há acerto sobre as negociações de preços”, conta Hélio Henrique Winter, proprietário da Central.

Winter cita ainda que, por conta disso, houve também uma redução em torno de 20% na oferta de frete na região. “Em junho do ano passado tínhamos falta de caminhões para transportar as cargas e hoje vivemos uma situação inversa”, resume.
Ontem no pátio da Cargo Shop, o caminhoneiro Oreste Malacarte, de Minas Gerais, aguardava desde a última sexta-feira por uma carga para a região de Cascavel e Palotina. “Mas está bem difícil”, diz. Ele conta que desde setembro do ano passado, quando estourou a crise global, ficou muito difícil conseguir cargas. “Eu rodo por todo o Brasil e carga boa virou raridade”, afirma.

A expectativa é de que nos próximos 90 dias o mercado de se normalize. “Mas não acredito que nos mesmos patamares de 2008, quando a demanda estava muito aquecida. Aposto mais em patamares iguais aos registrados em 2007, mais realistas”, pondera Podzwato.

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, em entrevista à Agência Brasil, afirma que “a oferta (de fretes) é praticamente zero”. Segundo ele, no ano passado a oferta de cargas era superior ao número de caminhoneiros. Desde o final de dezembro, o quadro se inverteu: o período de espera entre uma carga e outra em 2008 era de um dia e atualmente é de uma semana.
De acordo com o presidente da Abcam, muitos caminhoneiros reclamam da falta de serviço e garantem que estão com as prestações dos veículos atrasadas.

A falta de demanda também se reflete no preço – hoje, uma viagem do Sudeste para o Nordeste (cerca de três mil quilômetros) custa R$ 4,2 mil contra os R$ 6 mil do ano anterior.
Segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) em fevereiro, a queda na venda de caminhões foi de 20,71% se comparadas com o mesmo mês do ano passado.