O prefeito Gustavo Fruet decretou luto oficial de três dias pela morte do botânico curitibano Gerdt Guenther Hatschbach. Considerado o maior botânico de campo do Brasil, Hatschbach  faleceu aos 89 anos, na madrugada desta terça-feira (16), vítima de infecção generalizada. Ele estava internado na UTI do Hospital Nossa Senhora do Pilar, em Curitiba, desde o mês passado.

O professor Gerdt Hatschbach ficará para sempre como um nome que orgulha Curitiba e o Brasil, afirmou o prefeito, em nota oficial. Seu falecimento é uma perda para a comunidade científica mundial, para Curitiba e para as várias gerações que se acostumaram a tê-lo como um mestre, uma sábia referência no campo da Botânica.

O corpo de Gerdt Hatschbach está sendo velado na capela 3 do Cemitério Municipal São Francisco de Paula e o enterro será na quarta-feira (17), às 11 horas, na Comuna Evangélica Luterana, na Rua Ivo Leão, 205, no Alto da Glória.

Referência

Gerdt Guenther Hatschbach é referência nacional e internacional em Botânica. Em 1965, criou o Museu Botânico Municipal, que hoje funciona dentro do Jardim Botânico de Curitiba, instituição de pesquisa respeitada no Brasil e no mundo por suas pesquisas e coleções.
 
No seu aniversário de 89 anos, em agosto de 2012, o museu organizou uma exposição em sua homenagem. A mostra contava a história de vida e a trajetória profissional do botânico, além de exibir algumas de suas coleções.

Doutor Honoris Causa em Botânica, Hatschbach coletou mais de 80 mil plantas, entre elas cerca de 500 espécies novas para a ciência. O reconhecimento pelo seu trabalho no campo da Botânica é tão grande que 177 plantas levam o nome Gertii ou Hatschbachii na espécie, em sua homenagem. Há também dois gêneros de plantas catalogados: Hatschbachia e Hatschbachiella.
 
Especialmente no exterior, Hatschbach é uma referência. Quando um estudo é assinado por ele, jamais é discutido ou contestado. Em 2011, o Conselho Regional de Biologia, Paraná e Santa Catarina (CRBio7), concedeu-lhe o título de Biólogo Honorário. Em 2012, recebeu o título de Comendador da Ordem do Pinheiro, conferido pelo governo do Estado do Paraná em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à botânica.
 
Museu Botânico

Fonte de pesquisa e divulgação da flora brasileira, o Museu Botânico Municipal conta com um Centro de Informação Botânica e um herbário, o quarto maior acervo do país, com aproximadamente 400 mil exsicatas (plantas secas identificadas e preservadas).

Os pesquisadores do Museu Botânico Municipal ministram cursos e palestras para grupos específicos sobre assuntos relacionados a botânica, ecologia e meio ambiente, conforme calendário próprio e mediante solicitação. A cada ano, cerca de 300 mil pessoas visitam o museu.

Com o objetivo de sensibilizar em relação ao meio ambiente, a equipe de Educação Ambiental oferece diversas atividades destinadas a todos os públicos. O Salão de Exposição divulga trabalhos artísticos ou científicos.

Trajetória

Gerdt Guenther Hatschbach nasceu em 22 de agosto de 1923, em Curitiba. Em 1975, casou-se com Maria Magdaura Hatschbach, que durante décadas o acompanhou em expedições pelo Brasil e exterior. O casal não teve filhos.
 
Em 1942, Hatschbach coletou, no local onde hoje é o Parque Barigüi, a primeira planta, uma Calyptocarpus biaristatus, que deu início ao seu acervo e que viria a ser a semente do Museu Botânico Municipal.
 
Formou-se no curso técnico em Química Industrial, em 1945, pela Universidade Federal do Paraná. Em 1965, a convite do prefeito Ivo Arzua Pereira, organizou o Museu Botânico Municipal em uma pequena casa, no Passeio Público, exercendo a função de chefia.
 
Na ocasião, ele fez a doação do acervo particular do Herbário Hatschbach (HH) ao Museu Botânico Municipal. Faziam parte do acervo mais de 3 mil publicações, 20 mil exsicatas de herbário, lupas, microscópios e outros equipamentos.