Para abrir o mês da mobilidade, que acontece em setembro, o Idec, ONG de Defesa do Consumidor, lançou nesta quinta-feira, 6, uma pesquisa sobre a quantidade de faixas e corredores exclusivos para ônibus nas 12 capitais mais populosas do Brasil. O incentivo ao uso de meios de transporte coletivos e ativos, seguros e de qualidade, é um dos temas de atuação do Idec.

Segundo os dados coletados de forma oficial com as prefeituras, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e em contato com as secretarias de transporte, as duas maiores capitais do País, São Paulo e Rio de Janeiro, possuem os números mais significativos no ranking absoluto. Mas quando se faz a comparação com características estruturais e socioeconômicas das cidades, Curitiba e Porto Alegre aparecem à frente entre as capitais que dão maior preferência ao transporte público em ruas e avenidas.

“É importante que se faça essa comparação entre a extensão das faixas e corredores com as características de cada cidade. Precisamos relativizar com o número de habitantes e de vias para saber quem mais investe na qualidade e rapidez do transporte público. Por isso que o destaque nessa pesquisa fica para as duas capitais do Sul do Brasil”, explica o pesquisador em Mobilidade Urbana do Idec, Luiz Marcelo Teixeira Alves.

De acordo com o levantamento, Porto Alegre, que tem a 4ª maior extensão absoluta entre corredores e faixas de ônibus entre as 12 capitais, fica em primeiro lugar quando se compara o número de quilômetros de vias preferenciais com o total de vias existentes na cidade. Nesta comparação, Curitiba fica em segundo e São Paulo em terceiro. Manaus e Salvador ficam nas últimas posições.

Já quando se compara a extensão das vias com prioridade ao transporte coletivo com a população da cidade, Curitiba se destaca em relação a Porto Alegre, e ambas têm maior extensão do que São Paulo. Manaus e Salvador novamente se destacam negativamente.

A pesquisa também abordou a diferença entre as cidades que permitem o uso das infraestruturas preferenciais para o transporte coletivo por veículos individuais, como os táxis. Curitiba, Porto Alegre, Belém e Salvador são as únicas que não permitem esse compartilhamento dessas vias com outros veículos, o que revela outro ponto da importância dada ao transporte coletivo e da adesão à Política Nacional da Mobilidade Urbana.

O estudo mostra que as principais cidades do Brasil ainda estão muito aquém do ideal, não atingindo sequer 5% de priorização das vias ao transporte coletivo. O estudo também conclui que a opção por infraestruturas mais simples, como a faixa de ônibus, é uma saída interessante para as prefeituras, pois garante o espaço exclusivo aos ônibus usando menos recursos e podendo ser transformado em corredor de ônibus no futuro.

O incentivo a investimentos efetivos em infraestrutura de transporte público sobre trilhos, corredores de ônibus e ciclovias e garantia de tarifas de transporte acessíveis à população estão entre as propostas da Plataforma dos Consumidores do Idec, ferramenta interativa em que candidatos nas Eleições 2018 podem se comprometer com 10 pautas relacionada a defesa do consumidor.