Embora ainda não haja casos suspeitos ou confirmados do coronovírus em Curitiba até esta quarta-feira (26/2), as medidas preventivas seguem a todo vapor no município. Na sexta-feira (28/2) e segunda-feira (2/3), uma nova rodada de treinamento para profissionais de saúde da rede pública e privada será feita pela Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS). Desta vez, o tema será sobre o uso de equipamentos de proteção individuais (EPIs).

Desde o início do ano até o momento, cerca de 800 profissionais de saúde da rede pública e privada de Curitiba já receberam treinamento em relação a nova doença, com orientações e fluxos de atendimento em casos de suspeita.

“A capacitação e a atualização fazem parte do plano de enfrentamento para situações como essa, do coronavírus”, explicou a secretária municipal da saúde, Márcia Huçulak. “É importante estarmos preparados para quando o vírus chegar. E a SMS está trabalhando fortemente nisso”, afirmou.

Segundo o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Oliveira, a capacitação traz mais segurança à população sobre a doença. “As equipes estarão mais qualificadas para o acolhimento e a assistência de pacientes contaminados. Os médicos e enfermeiros estão na porta de entrada dos serviços de saúde”, justificou.

Segundo Oliveira, o uso correto dos EPIs é fundamental. “Ao receber a informação da suspeita, já no primeiro atendimento, orientamos o uso de máscara cirúrgica, avental e luvas”, orientou. Segundo ele, é importante saber identificar os sintomas da doença para tomar as precauções de forma ágil.

O diretor reforça que os profissionais de saúde de Curitiba estão sendo preparados para o enfrentamento de epidemias de doenças respiratórias desde 2009, quando surgiu a pandemia do Influenza A H1N1. “Neste momento, trabalhamos com um reforço das informações e atualizações em relação ao que sabe sobre o novo vírus”, explicou.

Além dos reforços dos treinamentos, o Comitê Municipal de Resposta às Emergências em Saúde Pública está acionado desde o fim de janeiro para a discussão do manejo do novo vírus. Integram o grupo representantes de mais de 40 instituições governamentais e não governamentais. Entre eles, membros dos conselhos regionais de Medicina, Enfermagem e Farmácia, Sociedade Paranaense de Infectologia, e também representantes dos hospitais, além dos órgãos públicos municipais e estaduais da saúde.

A SMS está acompanhando, ainda, junto ao Ministério de Saúde e autoridades internacionais da área as atualizações constantes sobre o vírus. A SMS disponibiliza em seu site (www.saudecuritiba.pr.gov.br), o fluxo de atendimento, ficha de notificação de casos suspeitas, notas técnicas e outas orientações sobe o vírus.

Além dos treinamentos para profissionais da saúde da rede pública e privada, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba tem reforçado, desde o início da ano, informação sobre os cuidados em relação a doença para a população, por meio de campanha, audiências públicas e reuniões em conselhos distritais de saúde com a comunidade.

Situação epidemiológica
Identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, o coronavírus é responsável por causar uma doença respiratória, que pode ir de sintomas leves até quadros de maior gravidade, como a pneumonia. O novo vírus já está presente em todos os continentes, em cerca de 40 países em todo o mundo, e nesta quarta-feira (26/2), o Brasil teve o primeiro caso confirmado pelo Ministério da Saúde, de um homem de São Paulo que viajou recentemente à Itália.

Segundo Márcia, não há motivo para pânico no momento, mas, é importante o estado de alerta e reforçar os cuidados e a prevenção (leia mais sobre isso abaixo). Embora o coronavírus seja transmitido com facilidade, ele não provoca um número proporcionalmente alto de mortes.

Estima-se que cada paciente transmita o vírus para outras duas ou três pessoas (a taxa de transmissibilidade da gripe é de 1 a 4 pessoas). A taxa de letalidade, porém, chega a 2% a 3% dos casos, ou seja, bem mais baixa do que outros coronavírus epidêmicos previamente registrados, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers). A taxa de letalidade da Sars, que eclodiu em 2003, chegou a 10%. Já da Mers ficou em 35%.

Sintomas
Os sintomas do novo coronavírus podem parecer como o de uma gripe ou resfriado comum, o que dificulta o diagnóstico, por isso, é importante que quem esteve em viagem recente para a região de início de circulação do vírus, a China, ou outro país com histórico de circulação da doença, comunique aos profissionais de saúde.

“Informar a possibilidade de exposição ao novo vírus é fundamental para a avaliação do caso, uma vez que são sintomas semelhantes a outras doenças respiratórias”, explicou Oliveira.

Os sinais comuns da infecção incluem sintomas respiratórios, febre, tosse e dificuldade para respirar. Nos casos mais severos, a infecção pode evoluir para pneumonia, síndrome respiratória aguda grave e até óbito.

Não há tratamento antiviral específico recomendado para a infecção do novo vírus. As pessoas infectadas devem receber cuidados de suporte para ajudar a aliviar os sintomas e ficarem isoladas para evitar a transmissão.

Prevenção
O coronavírus pode ser transmitido de forma semelhante à influenza ou outros vírus respiratórios, pelas gotículas respiratórias, por tosses e espirros em curta distância, ou contato com objetos contaminados pelo vírus, confira dicas de prevenção:

Lavar as mãos com frequência, ou utilizar álcool 70%, principalmente antes de consumir algum alimento.
Utilizar lenço descartável para higiene nasal.
Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir.
Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca, higienizar as mãos após tossir ou espirrar.
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas.
Manter ambientes bem ventilados, evitar contato próximo com pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença.
Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Pessoas com sintomas de infecção respiratória aguda devem praticar etiqueta respiratória (cobrir a boca e nariz ao tossir e espirrar, preferencialmente com lenços descartáveis e após lavar as mãos).