O presidente Michel Temer (PMDB) teria recebido valores próximos a R$ 15 milhões em pagamentos de vantagens indevidas em 2014. É o que consta na delação de Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS. A quantia teria como contrapartida atuação favorável aos interesses do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS. O  STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou o sigilo das delações do grupo nesta sexta-feira (19).

Os depoimentos, que também foram feitos por um dos donos da JBS, o empresário Joesley Batista, apontam “solicitação de vantagem indevida por parte do atual presidente da República, bem como do deputado federal Rodrigo da Rocha Loures
(PMDB-PR), no montante de 5% do lucro obtido com o afastamento do monopólio da Petrobras no fornecimento de gás a uma das empresas do grupo”.

“Além disso, haveria solicitação de outros valores relacionados à atuação em benefício do grupo empresarial J&F no tocante ao destravamento das compensações de créditos de PIS/COFINS com débitos do INSS”, aponta a delação.

Joesley e Saud ainda apontam  pagamentos de forma corrente em favor de Roberta Funaro, como suporte financeiro em razão da prisão de seu irmão, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, tido como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação

Segundo delação, empresário e Rocha Loures voltaram a se encontrar em outras duas oportunidades após a reunião entre Temer e Joesley, que prometeu “lançar mais crédito na planilha” à medida em que ações políticas que favorecessem o grupo J&F fossem bem-sucedidas.

Joesley citou, por exemplo, que seria benéfico a ele se o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) concedesse uma liminar que afastasse o monopólio da Petrobras no fornecimento de gás para uma termelétrica do grupo, de acordo com a delação do empresário. O  dono da JBS acreditava que obteria lucro caso isso acontecesse e prometeu “abrir planilha” e repassar 5% desse valor a Temer. O representante do presidente, Rocha Loures, aceitou o acordo.