Luis Macedo/Câmara dos Deputados – Souza: deputado ficou “surpreso”

A Polícia Federal promoveu ontem ação de busca e apreensão em endereços do deputado federal paranaense Sergio Souza (MDB) no âmbito da operação Grand Bazaar, que investiga suspeitas de que ele teria recebido propina para não incluir o presidente do Postalis e do Petros na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que apurava desvio de recursos de fundos de pensões. A operação foi autorizada por Celso de Melo, ministro do Supremo e contou conta com cerca de 100 agentes que cumprem 18 mandados em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Ela é um desdobramento da delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro, investigado nas operações Cui Bono e Patmos, ambas deflagradas em 2017.
Em depoimento de delação premiada prestado em 2017, Funaro afirmou que o deputado cobrou R$ 9 milhões de propina para não convocar para depoimento os ex-executivos Wagner Pinheiro, ex-presidente do Petros, e Antônio Carlos Conquista, ex-presidente do Postalis. O pedido teria sido feita por Arthur Pinheiro Machado, amigo de Funaro e dono da Ágora corretora e Bridge. Funaro, então, perguntou sobre a viabilidade do pedido ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB/RJ), mas ele disse que não havia nomeado nem o presidente nem o relator da CPI, respectivamente os deputados Efraim Filho (DEM-PB) e Sergio Souza.
Doleiro – Funaro relatou: “(Eduardo) Cunha disse para conversar com Marcos Joaquim Gonçalves, advogado do escritório Mattos Filho, para ver se ele teria uma solução já que era amigo de Sergio (Souza). Marcos voltou com a informação de que tal demanda era possível.” Marcos Joaquim Gonçalves era funcionário do escritório Mattos Filho à época da delação, mas saiu de lá há quase três anos. Atualmente, ele é líder do MJ Alves e Burle Advogados e Consultores.
Ainda segundo o delator, ele teria se reunido em Brasília, numa casa no Lago Sul, com o advogado Marcos Joaquim, Arthur Machado, Souza e um assessor deste. Na reunião teria sido acertada a propina de R$ 9 milhões.
O deputado – que está em viagem oficial à China – divulgou nota negando as acusações e se disse “tomado de surpresa” com a operação da PF. Ele alegou ainda estar tranquilo e “à disposição da Justiça”.

FORÇA-TAREFA
Por Lava Jato, Dallagnol abre mão de promoção
O procurador da República Deltan Dallagnol abriu mão de promoção à Procuradoria Regional da República da 4.ª Região (PRR-4), sediada em Porto Alegre. Ele preferiu continuar nos quadros do Ministério Público Federal em Curitiba, no posto de chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, maior investigação já deflagrada no País contra a corrupção e lavagem de dinheiro. Ontem, Deltan enviou ofício ao Conselho Superior do Ministério Público Federal, “indicando que não tem interesse em concorrer à promoção no momento”.