PAULO GAMA E RANIER BRAGON
SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Deputados ligados ao setor agropecuário articulam na Câmara uma reação à Operação Carne Fraca, que apura supostas irregularidades na inspeção de alguns dos principais frigoríficos do país.
A ideia, encampada pela cúpula da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) -um dos grupos setoriais mais fortes do Legislativo-, é propor a criação de uma comissão que visite os 21 frigoríficos investigados pela Polícia Federal e ouça o delegado Mauricio Moscardi Grillo sobre os procedimentos adotados nas apurações.
“A operação é legítima, mas o comunicado e a entrevista apresentaram falas pessoais, sem conhecimento técnico”, diz o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da frente agropecuária.
Integrantes da Carne Fraca já contestaram as críticas à investigação feitas pelo setor e pelo governo federal. Os investigadores afirmam que ainda há muito material sob sigilo, e que a operação deve ter desdobramentos mais adiante.
A frente deve bater o martelo em relação à estratégia em reunião nesta terça-feira (21). A pressão acontece em um momento em que já há tensão entre o Congresso e órgãos de investigação, principalmente em consequência da Operação Lava Jato.
“A divulgação de informações que não são técnicas -como a de que há papelão em carne- é que não pode. Estamos pedindo os laudos, porque até agora ele não apresentou nenhum”, diz Leitão.
A reação se soma a outras manifestações de repúdio do mundo político, como a do ministro Blairo Maggi (Agricultura), que, no domingo, já havia questionado a parte técnica da investigação, afirmando que práticas consideradas irregulares são, na verdade, permitidas por lei.
Coordenador de Defesa Sanitária da bancada ruralista, o deputado Evandro Roman (PSD-PR) ecoa as críticas à operação da PF. “Eu acredito que faltou uma visão econômica e financeira, ficando uma coisa muito técnica e policialesca. Isso está gerando um transtorno econômico e social.”