MOSCOU, RÚSSIA (FOLHAPRESS) – Nas últimas semanas, Didier Deschamps, 49, cansou de se esquivar das perguntas sobre a possibilidade de ser campeão mundial como treinador e jogador. Neste domingo (15), não teve jeito.

Com o título, Deschamps igualou o brasileiro Mário Jorge Lobo Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer, que venceram a competição dentro de campo e no banco de reservas.

Zagallo foi campeão como jogador em 1958 e 1962. Oito anos após o segundo título, dirigiu o time brasileiro que conquistou o tricampeonato no México. Beckenbauer foi o capitão da Alemanha na conquista da Copa de 1974. Em 1990, comandou a equipe que venceu o Mundial da Itália.

“É um grande prazer entrar nesse grupo seleto. Tecnicamente, em campo eles eram melhores do que eu. Jogavam de forma bonita, não como eu, mas também ganhei. Como técnico, seguimos os mesmos caminhos. Claro que é um orgulho pessoal, mas, honestamente, isso é algo secundário”, afirmou o treinador francês.

O treinador fez parte da seleção francesa campeã do mundo há 20 anos. Capitão na final contra o Brasil, pela ausência de Laurent Blanc, ficou eternizado como o homem que ergueu a taça da primeira Copa vencida pela França.

Volante de origem que só sabia marcar, destruir e passar a bola para quem estivesse mais perto, assim como Dunga, capitão do tetracampeonato, Deschamps assumiu o comando da seleção em 2012.

Dois anos antes, o time havia passado por grave crise e fora eliminado na primeira fase do Mundial da África do Sul.

Ele chegou com a fama de conservador, assim como era seu futebol dentro de campo. Foi criticado porque não conseguia fazer um time que tinha bons talentos individuais demonstrar um bom futebol dentro de campo.

Até nisso se compara com Dunga, que também desagradou parte da imprensa (duas vezes) quando foi escolhido para dirigir o Brasil.

As críticas a Deschamps foram diminuindo com o passar do tempo. Ele também amansou ao longo dos anos por conta da juventude dos seus atletas, os protegeu dos comentários externos e terminou o Mundial com uma boa relação com todos.

De forma esperta, usa a juventude como arma. A França tinha o segundo elenco mais jovem do torneio, com média de idade de 26 anos.

Após a conquista do título, Deschamps foi abraçado pelos jogadores, que invadiram a entrevista coletiva, subiram na bancada e cantaram o nome do treinador. Ele ganhou um banho de cerveja, champanhe e isotônico.

“Como vocês sabem, tenho um grupo muito jovem, mas a qualidade estava lá. Meu orgulho é como eles lidaram com a responsabilidade, nunca desistiram. Temos imperfeições, hoje fizemos tudo certo, tivemos essas qualidades mentais que foram decisivas para esta Copa do Mundo”, afirmou.

Deschamps disse também que continuará como treinador da seleção. Assim, poderá brigar pelo título da Eurocopa de 2020. Há dois anos, ficou frustrado com o vice-campeonato -perdeu a decisão para Portugal após eliminar a Alemanha na semifinal.

A França conquistou o título com seis vitórias e um empate. Na primeira fase, porém, o time não apresentou bom futebol. Venceu Austrália e Peru no sufoco e empatou com a Dinamarca por 0 a 0, pela última rodada.

Na oportunidade, o time foi vaiado porque teria feito “jogo de compadres” com os dinamarqueses, já que o resultado classificava as duas equipes e ainda garantia a liderança da chave para os franceses.

De acordo com Deschamps, a equipe ganhou confiança após a vitória sobre a Argentina por 4 a 3, pelas oitavas de final da competição.

“Mudou uma série de coisas para nós. Nos deu mais confiança mental. Era uma grande seleção, com Messi, mas estávamos apenas qualificados para as quartas depois daquilo, e houve muita euforia. Poderíamos perder para o Uruguai cinco dias depois, mas a fome de vencer aumentou”, completou o técnico.