Mãe e filha, a aposentada Ana Maria Ferreira Santos Leal e a farmacêutica Ana Paula Ferreira resumem o segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo nas pequenas diferenças que têm em suas visões de mundo. Ana Maria, de 60 anos, vota tradicionalmente no PSDB desde a década de 1980 e se diz satisfeita com a atual gestão. Ana Paula, de 37, até elogia a gestão municipal na pandemia do novo coronavírus, mas diz que quer mais: é a favor de mais investimento na educação e prefere um professor sério para o cargo.

Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) disputam voto a voto a preferência dos eleitores nas áreas mais centrais de cidade. Os dois tiveram apoio em maiores proporções no centro expandido da capital. A preferência pelo tucano atingiu 45% dos votos no Jardim Paulista, na região central. Já o candidato do PSOL teve seu melhor desempenho no bairro vizinho de Pinheiros, onde conquistou 32% dos eleitores.

É ali que Ana Maria e Ana Paula moram juntas. Elas convivem bem com as diferenças e conversam pouco sobre política.

“Eu votei no avô dele (o ex-governador Mário Covas), acho que ele tem ações muito legais na área de saúde e educação, então voto no Covas”, conta Ana Maria. “Para continuar, do meu ponto de vista, seria melhor uma inovação, uma pessoa que tivesse propostas mais voltadas para o lado social”, contrapõe Ana Paula.

A arquiteta e urbanista Helena Degreas, de 59 anos, hoje vive e trabalha na fortaleza tucana da cidade, o Jardim Paulista. Votou 45 no primeiro turno e pretende repetir o gesto dentro de duas semanas. Sentada em uma esquina arborizada da Rua Oscar Freire, ela justifica a escolha com elogios à atuação do corpo técnico e dos secretários da Prefeitura.

“Os secretários são preparados, os técnicos da Prefeitura são concursados e são sérios”, diz Helena.

Quanto à rejeição a Boulos, ela diz que ele está menos preocupado com a gestão municipal do que com o embate político. “Ele (Boulos) não está preocupado com São Paulo, está preocupado com o Doria, o problema dele é 2022, é outra coisa. Eu não esperava de um candidato a prefeito que a preocupação dele fosse o governador do Estado.”

Na Rua dos Pinheiros, o preço do aluguel e o foco em distribuição de renda fez com que eleitores mais jovens apoiassem algumas das bandeiras de Boulos, que construiu sua carreira política no movimento de luta por moradia.

Morador do bairro, o publicitário Rômulo Siqueira, de 30 anos, desfaz o estereótipo do eleitor de esquerda. Tem cabelos curtos, barba feita, e na tarde de ontem em Pinheiros, com máxima de 30º C, usava bermuda e camiseta pretos e um tênis de corrida.

“A pauta de moradia é a principal, porque hoje em dia é muito caro”, diz Siqueira. “Hoje, ele é o que há de mais diferente (na corrida pela Prefeitura).”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.