Franklin de Freitas

O aumento do número de internações de pacientes com Covid-19 e do agravamento da doença, por causa nova cepa considerada mais agressiva, tem colocado em risco ao atendimento do sistema de saúde. Além dos leitos, equipes de profissionais há relatos de dificuldades para se conseguir insumos, como anestésicos e até oxigênio. “Na última semana, alguns hospitais começaram a sentir dificuldades na compra de anestésicos. Os fornecedores que vinham entregando normalmente começaram a não entregar”, afirmou Flaviano Fleu Ventorim, presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa).

Há ainda relatos de problemas com a oferta de oxigênio feito por profissionais que atuam na linha de frente. Uma enfermeira que atua em Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Curitiba, em condição de que seu nome não fosse revelado, relatou problemas em relação a falta de equipamentos. “Lá na UPA estamos com um só oxímetro. Já pedimos mais, mas até agora nada. Então, quando precisamos do equipamento, temos de sair caçando, perdendo um tempo que pode ser precioso para o paciente e deixando de fazer outras coisas”, diz.

Ela revela que todos os pacientes da UPA estão dependendo de oxigênio, que muitas vezes não dá para todo mundo. “Por isso comentei que o oxímetro é tão importante, porque temos de monitorar para decidir quem vai precisar de oxigênio”, explica a enfermeira.

Um socorrista que trabalha com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que também pediu para não ter o nome revelado, disse que com falta oxigênio. “ A empresa de oxigênio não está suportando a demanda. Temos de regular bem porque a demanda está muito grande nas UPAs, e as UPAs não tem essa estrutura… Na verdade, acho que até nos hospitais a procura é direta. Você entra na UPA, tem paciente sentado com cilindro do lado. Vou te falar, o Brasil, o mundo não estava preparado para isso. E estamos aí, vendo ainda aglomerações. A luta é muito grande. Se coloca um cilindro de O2 para dois pacientes, não dura nem meio-dia. Dependendo do caso, tem paciente que usa o oxímetro no máximo, 15 litros”, afirma.

A superintendente da Secretaria Municipal da Saude, Beatriz Battistella Nanda, revelou no último sábado, 13, em entrevista que a indústria estava enfrentando problemas para atender a demanda por medicamentos. “Estamos no limite de possibilidade de uma resposta adequeada à população”, disse. “Se não frearmos a velocidade de transmissão do vírus, não iremos conseguir atender adequadamente, isso tanto no Sistema SUS quanto na rede privada”, disse.

Beatriz explicou que essa dificuldade se deve a mudança no comportamento do vírus e no perfil de pacientes.  “A indústria brasileira não tem capacidade de atender a demanda na velocidade que a gente precisa. Por isso é preciso que a gente interrompa o ciclo de contágio”, afirma.