Numa sessão marcada pela baixa liquidez, o dólar voltou a subir ante o real no mercado à vista de balcão, embora a moeda norte-americana tivesse um leve viés de baixa no exterior nesta quarta-feira. Perto da reta final dos negócios, profissionais citaram uma remessa de dólares, feita por uma grande empresa, para justificar a aceleração das cotações. A remessa nem teria sido tão grande, mas a liquidez reduzida ao longo do dia favoreceu o movimento. Os investidores também aproveitaram para testar a disposição do Banco Central (BC) em atuar. A autoridade monetária, entretanto, apenas observou. No fim, o dólar à vista ganhou 0,48% no mercado de balcão, a R$ 2,310 – a maior cotação de fechamento do ano e maior nível desde 31 de março de 2009.

Na mínima, o dólar marcou R$ 2,2970 (-0,09%) e, na máxima, atingiu R$ 2,3120. Por volta das 16h30, a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de US$ 1,197 bilhão. O dólar pronto na BM&F teve alta de 0,14%, a R$ 2,3012, com quatro negócios. No mercado futuro, o dólar para setembro era cotado a R$ 2,3440, em alta de 0,45%.

A divisa dos EUA, apesar de subir na maior parte da sessão, mantinha um comportamento acomodado no mercado de balcão. Na última hora de negócios, passou a acelerar os ganhos, superando R$ 2,30 e encerrando a R$ 2,31. Segundo o gerente de câmbio da Correparti Corretora, João Paulo de Gracia Corrêa, uma operação de remessa de dólares para fora do Brasil, feita por uma grande companhia, teria influenciado a aceleração.

“Muitas mesas perceberam fluxo (de saída), mas não sabem bem de quem. Nós confirmamos que houve esta remessa, mas nem foi tão grande”, afirmou. Mas com a liquidez baixa a remessa favoreceu a elevação do dólar. “E o mercado também aproveita para testar o BC”, completou Corrêa.

Pela manhã, quando o dólar atingiu a mínima de R$ 2,2970, profissionais também viram influência do fluxo diário de recursos. “Não tivemos muitas notícias no dia para movimentar o dólar. Quando caiu a R$ 2,29, alguns agentes entraram comprando moeda e o dólar voltou a subir”, comentou Luiz Carlos Baldan, diretor Fourtrade.

Neste cenário, o BC permaneceu fora dos negócios, apenas monitorando, embora na véspera o presidente da instituição, Alexandre Tombini, tenha sinalizado a utilização de leilões de linha (venda de moeda no mercado à vista com compromisso de recompra), “se julgar necessário”. À tarde, o BC informou que o fluxo cambial de julho ficou negativo em US$ 1,447 bilhão.

No exterior, o dólar caía ante o euro, o iene japonês e boa parte das moedas de países dependentes de commodities. No horizonte, segue a expectativa de quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começará a interromper seu programa de compra de bônus, reduzindo a liquidez global.