Franklin de Freitas – Marcus Vinícius e o gato Zuba: “família’ aumentou durante a pandemia da Covid-19

Em tempos de isolamento social, com a adoção do home office em maior escala e a imposição de restrições no contato entre pessoas durante a pandemia, ter uma companhia foi fundamental para não cair na solidão e manter em bom estado a saúde mental. E se essa companhia não pode ser humana, a animal também foi de grande ajuda e está, inclusive, em alta: conforme o Instituto Pet Brasil, a população de animais de estimação cresceu 1,7% em todo o mundo no ano passado, enquanto o chamado ‘mercado pet’ viu seu faturamento crescer 15,2% no Brasil, passando de R$ 35,4 bilhões em 2019 para R$ 40,8 bilhões em 2020, mesmo num contexto de crise econômica e sanitária.

No que diz respeito à população pet, os felinos foram a categoria que tiveram maior crescimento (3,1%) no ano passado, seguida por cães (2,1%), répteis e pequenos mamíferos (1,7%), peixes ornamentais (1,0%) e aves ornamentais (0,5%). E um dos motivos para essa alta na procura pelos animais de estimação, aponta ainda o Instituto Pet Brasil, foi justamente o sentimento de solidão causado pela pandemia do novo coronavírus.

“Neste âmbito, é importante diferenciar conceitualmente o isolamento social e a solidão. O primeiro refere-se ao estado objetivo de ter poucas relações sociais ou contato social infrequente com outras pessoas, enquanto a solidão corresponde a um sentimento subjetivo de estar isolado”, afirmou o Instituto em nota publicada em seu site oficial. “Conforme a pandemia avançou em 2020, o distanciamento social resultou em pessoas passando mais tempo em casa, e se relacionando ainda mais com seus animais de estimação. Alguns mercados observaram até mesmo uma nova demanda por adoções de animais de estimação, com destaque para o crescimento da categoria de gatos”, complementa.

Em Curitiba, exemplos desse aumento são alguns colaboradores da DISYS Brasil, uma multinacional que chegou a contar com 70% do quadro de funcionários em home office. Adriano de Castro Benatto Paul, por exemplo, é analista de dados, já possuía dois gatos e adotou um terceiro em 2020.

“Eu já tinha a Consuelo e o Pablo e daí pegamos [ele e a namorada, Marina] a Dorinha. Como desde março estou em trabalho remoto, deu para aproveitar toda essa fase filhote da pequenininha”, conta Adriano, relatando ainda as vantagens de ser tem um pet em um período tão singular, diferente. “Qualquer animal é uma ótima companhia e você dispender seu tempo dando atenção, cuidando deles, ajuda a ficar com a mente no lugar, ficar saudável, não ficar maluco nesse período só em casa”.

Já Marcus Vinícius Santana Lopes, que é especialista Tableau da DISYS Brasil, tinha duas cachorrinhas, a Dora e a Malu, e aumentou a família com a adoção do gato Zuba durante a pandemia. “Como moro sozinho, acredito que a companhia que eles nos fazem é bastante saudável e divertida, da mesma forma que, com o tempo que eu passo com eles, também diminui a ansiedade e o estresse dos pets”, comenta ele, afirmando que a presença dos pets foi fundamental neste período de pandemia. “A gente complica demais as coisas e a simplicidade com que o animal se comporta é fantástica, ensina muito para gente, além de ensinar sobre amor, carinho e responsabilidade. Ele depende de você, exige responsabilidade, cuidado, ter amor e carinho”, ressalta.

No Paraná, gastos com saúde e bem-estar animal disparam
No primeiro semestre deste ano os gastos das famílias paranaenses com o consumo de produtos voltados à saúde e bem-estar de cães e gatos disparou. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Organnact, empresa que comercializa suplementos para o mercado pet, a qual revela aumento de 135% nos gastos em relação aos seis primeiros meses de 2020.

O cenário reflete novos hábitos que foram sendo incorporados pelos donos e pelos próprios animais, diante do fato de que ambos estão passando mais tempo juntos. Basicamente, aumentaram os cuidados para com os bichinhos, ao mesmo tempo em que a presença deles nos lares brasileiros aumentou consideravelmente – crescimento de 50%, segundo a ONG Ampara Animal.

Seis em cada dez lares têm um pet
Em Curitiba, seis em cada dez casas têm algum animal de estimação. Em todo o estado, por outro lado, são cerca de oito milhões de animais de estimação, o que significa que para cada três paranaenses existem dois pets que são, também, membros da família.

Trata-se, na realidade, de uma paixão nacional: conforme a pesquisa Radar Pet, o Brasil é o segundo país com a maior população pet do mundo, com os animais marcando presença em mais de 37 milhões de domicílios. Ao todo, são mais de 54 milhões de cachorros e 30 milhões de gatos no país, o que mostra o potencial de crescimento do setor.

Assim sendo, nem chega a ser uma surpresa a curva ascendente na qual o mercado pet vem seguindo nos últimos anos. E para 2021, a expectativa do setor é registrar novo crescimento, desta vez na ordem dos 15%.

Adoção e contribuição
Se alguém ainda tem dúvida sobre os benefícios de ter uma nova companhia, Adriano Paul lembra que quando um amiguinho é adotado por uma família, abre espaço para que um novo animal possa ser recolhido e ajudado, reforçando a importância do trabalho de ONGs que resgatam animais e de protetores que fazem lar temporário para vários animais encontrados na rua. “Mas se por acaso você não tem condições de adotar um animal agora, pode sempre contribuir com alguma delas e com o trabalho que elas fazem”, aconselha o funcionário da DISYS Brasil. O país, em 2019, possuía mais de 370 ONGs protetoras, contabilizando mais de 170 mil animais sob a tutela dessas organizações, conforme os números do IPB.