SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em 181 anos, houve somente quatro ataques de tubarão no estado de Massachusetts, no qual o brasileiro Arthur Medici, 26, morreu no último sábado (15), após ser atacado pelo animal enquanto surfava. Foi a primeira morte na região por esse tipo de incidente desde 1936.

Mas, ao mesmo tempo, seguindo a tendência histórica, os Estados Unidos, em 2017, lideraram o ranking de ataques de tubarão não provocados. Foram 53 incidentes, mas nenhum deles resultou em morte.

Depois dos EUA, Austrália e a Ilha Reunião (departamento ultramarino francês no oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar) completam o top 3 de ataques em 2017.

Massachusetts está entre os estados que menos registram ataques -somente um em 2017 e quatro desde 1837. A Flórida é o local que mais tem incidentes. Foram 31 no último ano e 812 desde o início dos registros.

Segundo o National Park Service, um órgão do governo americano, Arthur provavelmente foi vítima de um tubarão branco. O brasileiro era de Vila Velha, no Espírito Santo, e morava em Revere, uma cidade de 53 mil habitantes em Massachusetts.

Ele tinha ido aos Estados Unidos para estudar engenharia e praticava atividades ao ar livre e esportes, como o surfe. No momento do ataque, ele estava na água com o irmão de sua noiva.

Os dados sobre os incidentes com tubarão são do Isaf (International Shark Attack File ou arquivos internacionais de ataques de tubarão, em tradução livre), projeto que existe desde 1958 e que é sediado no Museu de História Natural da Flórida, parte da Universidade da Flórida, nos EUA.

No ano passado, o Isaf documentou um total de 155 casos de contato entre tubarões e pessoas. Desses, 88 foram ataques não provocados -incidentes que ocorrem no habitat do animal sem provocação humana. Outros 30 foram ataques provocados, nos quais a pessoa inicia o contato físico com o animal. Em meio a esses números, há casos em que o contato não pôde ser confirmado.

Os números de ataques não provocados em 2017 não fogem muito ao padrão dos últimos anos. Enquanto isso, 2015 apresentou o recorde desse tipo de incidente, com 98 casos.

Um ataque que resulta em morte é um fato ainda mais raro. A média é de seis mortes por ano e em 2017 foram somente cinco.

Para uma comparação rápida, considerando dados dos EUA, é mais provável ser morto por um cachorro -36,4 mortes ao ano entre 2001 e 2010, ante 11 mortes ao ano por tubarões em todo o período- ou por um raio numa área costeira -1.970 mortes entre 1959 e 2010, ou 38 ao ano, contra um total de 26 mortes após encontros com tubarão no mesmo período. 

Segundo o Isaf, a tendência das últimas décadas mostra que o maior número de ataques não provocados ocorre com pessoas que estão fazendo atividades de flutuação na água, como foi o caso de Arthur, que surfava.

O segundo grupo mais vitimado pelos ataques é o de banhistas ou pessoas praticando natação, seguidos pelos mergulhadores.

Mesmo com o risco muito pequeno de um encontro ou ataque de tubarão, algumas dicas podem ajudar na prevenção. Segundo o Museu da Flórida, deve-se evitar ir para muito longe da costa, principalmente quando se está sozinho.

Deve-se evitar também estar dentro da água em horas de escuridão ou de crepúsculo, nos quais os tubarões estão mais ativos. Não é indicado entrar na água com cortes abertos sangrando e durante a menstruação também é necessário cuidado.

Águas com atividade de pesca também devem ser evitadas, assim como áreas com presença conhecida de tubarões.

Finalmente, em casos de ataque, a reação é importante. Acertar o focinho pode ajudar na interrupção do ataque. Atingir olhos e brânquias também pode ajudar.