Falta de sol leva pessoas a fazerem exames e buscarem suplementos, muitas vezes sem necessidade. Conheça os grupos de risco e saiba o que fazer

Em Curitiba e cidades de alta latitude, onde os dias de sol são escassos, é comum ouvir pessoas comentando sobre carência de Vitamina D. Mas é preciso cautela na hora de solicitar exames e indicar suplementação, segundo as novas diretrizes das associações médicas de endocrinologia do Paraná.

Com base em estudos científicos realizados por especialistas mundiais, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná (SBEM-PR) e a Associação Brasileira de Estudos do Metabolismo Ósseo e Mineral – Regional Paraná (ABRASSO-PR) publicaram recentemente um documento com orientações sobre solicitação de exames, parametrização, recomendação para reposição, indicação de dosagem e periodicidade para repetição do exame.

A vitamina D é importante para a absorção do cálcio no nosso organismo, que é fundamental para a formação e manutenção da nossa massa óssea. A falta da vitamina é bastante prevalente e deve ser tratada, mas sempre através de uma avaliação médica criteriosa e sem exageros na suplementação, destaca a endocrinologista Fernanda Justus Malucelli, médica cooperada da Unimed Curitiba. Como a Vitamina D é absorvida?

A vitamina D necessita da luz solar – raios ultravioletas – para ser sintetizada pelo nosso organismo. As fontes alimentares são escassas e não são consumidas frequentemente pela maioria dos brasileiros, por isto a dieta não consegue suprir a falta de exposição solar. Necessitamos, em média, de 20 minutos ao dia de exposição solar para manter níveis considerados adequados de vitamina D.

A carência de vitamina D pode ser verificada através da dosagem no sangue do seu metabólito – 25-OH- vitamina D. O valor normal tem sido motivo recente de discussão entre diferentes especialistas e entidades médicas. Até então considerávamos normal níveis acima de 30 ng-ml; porém revisões recentes têm condenado a suplementação para pacientes com níveis > 20 ng-ml, defendendo que em determinados grupos populacionais estes valores podem ser adequados. A indicação indiscriminada de suplementação, em doses extremamente elevadas, por vezes até em apresentações injetáveis, motivou a crítica a esta prática.

Sem dúvida, os idosos e as crianças merecem atenção especial para manter níveis adequados de vitamina D, objetivando prevenção de fraturas e osteoporose nos idosos e crescimento com ossos saudáveis nas crianças.

Pacientes confinados, gestantes, pessoas que realizaram cirurgia bariátrica, ou fazem uso de determinadas medicações que reduzem a absorção de vitamina D – como anti-convulsivantes e corticóides sistêmicos de uso prolongado – também são exemplos de indicação de suplementação.

Sabemos que cidades de alta latitude, como Curitiba apresentam níveis reduzidos de vitamina D, devido à menor exposição solar, especialmente no inverno. No entanto, a indicação de realização do exame deve respeitar os fatores de risco mencionados e não seguir de forma indiscriminada, como tem ocorrido. Isto eleva os gastos em saúde, sem trazer os benefícios esperados. Por este motivo foram publicados protocolos e diretrizes para guiar a nós, médicos, quanto à solicitação adequada do exame e seu devido tratamento.