Franklin de Freitas

Foi na margem esquerda do Rio Atuba, na região em que hoje fica o Bairro Alto, que, em 1659, teve início a colonização da cidade de Curitiba. 359 anos depois, contudo, o rio, que outrora tivera águas limpas, convive com a urbanização acelerada e a poluição decorrente deste fenômeno. Para não deixar esse rio histórico se perder na selva de concreto, um morador de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, dedica-se diariamente a limpá-lo.
Com 32 anos de idade, Diego Saldanha foi o responsável por criar, em janeiro de 2017, a Ecobarreira do Rio Atuba. Tal barreira consiste em balões d’água de 50 litros envolvidos em uma rede de proteção, que seguram todo o lixo flutuante despejado nas águas do rio. Ao todo, o ativista ambiental estima já ter retirado mais de duas toneladas de lixo. 
“Os mais comuns são garrafas pet, latas de bebida, garrafa de vidro, muita sacola de lixo. Mas também aparece muita coisa inusitada, que deixo até separado no Museu do Lixo (que Saldanha criou próximo ao local em que fica a Ecobarreira). São coisas como fogão, máquina de lavar, bebê conforto, lâmpadas, lata de solvente, tinta, brinquedos…”, relata o ativista, que mora na região desde que nasceu.
“Quando criança eu brincava no rio, pescava, nadava. Tenho dois filhos e isso não é possível mais. Aí surgiu a ideia (de criar a Ecobarreira)”, comenta Saldanha, que recentemente viajou ao Rio de Janeiro para receber o prêmio Lixo Zero, organizado pelo movimento Lixo Zero. “Concorri com 17 projetos. Foi votação popular e, para minha surpresa, fomos os mais votados. Foi bem emocionante.”

‘Qualquer pessoa pode fazer. Basta ter comprometimento’
A ideia de criar a Ecobarreira surgiu a partir de um projeto criado em Porto Alegre, onde uma ecobarreira mecanizada foi instalada no Arroio Dilúvio para conter o avanço de lixo flutuante para as águas do Guaíba. “Na época, conversei com os idealizadores, que gastaram R$ 250 mil. Não tinha nem R$ 250. Adaptei para minha realidade e tive a ideia de fazer tudo com material reciclável”, diz Saldanha.
Juntando dinheiro aos poucos, o ativista conseguiu, com um investimento aproximado de R$ 1 mil, construir sua ecobarreira utilizando galões de 20 litros (que já foram substituídos por galões maiores, de 50 litros) e uma rede de proteção. “Qualquer pessoa pode fazer, basta ter comprometimento, vontade de fazer e gostar do trabalho. É um compromisso. Usei galões recicláveis e redes de proteção, dessas que vemos muito em sacadas de prédio. Amarrei coredas de um ao outro lado do rio e faço a limpeza de acordo com a demanda”, conta.
Tamanho sucesso, inclusive, já tem inspirado mais pessoas a seguirem os passos de Saldanha. O ativista conta que pessoas de Blumenau (SC), Itaí (SP) e Araucária (na RMC) já o procuraram para saber como criar uma ecobarreira. No Rio Belém, em Curitiba,o próprio ativista comandou a implementação de uma Ecobarreira, em parceria com uma empresa local que ficou responsável por fazer a limpeza do rio.
Hoje, além do trabalho de limpeza, Saldanha também recebe visita de escolas e curiosos que querem conhecer a Ecobarreira e o seu trabalho. “É só entrar em contato comigo e agendamos uma data boa para mim e para eles (interessados em visitar a Ecobarreira).”

Ecobarreira do Rio Atuba
O que é: Uma barreira feita de materiais recicláveis criada pelo ativista ambiental Diego Saldanha com o intuito de conter o avanço de lixo flutuante ao longo do curso do Rio Atuba e facilitar a limpeza do local.
Resultados: Em dois anos, mais de duas toneladas de lixo já foram retiradas da água pelo ativista, que hoje conta também com o apoio da população para fazer a limpeza diária.
Como ajudar: Todo o trabalho feito por Diego é voluntário, mas ele aceita doações financeiras para ajudar a manter suas atividades. Quando realiza uma palestra em escola, por exemplo, é ele próprio quem paga o transporte e alimentação. Isso sem contar os gastos com a manutenção da Ecobarreira. Se quiser e puder ajudar, entre em contato com o ativista nos contatos listados abaixo
Visitação: Diego também recebe pessoas interessadas em conhecer a Ecobarreira e o Museu do Lixo, que ele criou com o material que retira do rio Atuba. Para marcar uma visita, entre em contato com o ativista. O passeio é gratuito.
Telefone: (41) 99950-3974
Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100000137719386
Instagram: @diegosaldanha_ecobarreira