O número de eleitores com idade entre 16 e 17 anos em Curitiba caiu mais de 50% desde as eleições municipais de 2012, segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral. O índice é mais do que o dobro do registrado no Paraná e da média nacional e sinaliza para um aumento no desinteresse do eleitorado jovem em participar das eleições. Isso em um período em que o envolvimento da população, em especial dos mais jovens, cresceu exponencialmente, seja nas manifestações de rua, seja pelas redes sociais da internet.

De acordo com os números divulgados pelo TSE, há quatro anos, a capital paranaense tinha 11.308 eleitores na faixa etária de 16 e 17 anos, quando o voto é facultativo. Para as eleições deste ano, apenas 5.565 jovens curitibanos com essa idade se animaram em tirar o título de eleitor e votar para prefeito e vereador em outubro próximo, uma redução de 50,78%.

No Paraná, os números também mostram uma queda expressiva no interesse desse eleitorado em potencial, apesar do índice menor. Em 2012, o Estado tinha 144.203 eleitores com 16 e 17 anos. Para 2016, são 109.200 eleitores inscritos nessa faixa etária, uma queda de 24,27%.

Em todo o País, a queda foi de 20%, com o eleitorado de 16 e 17 anos reduzido de 2,9 milhões de brasileiros há quatro anos para 2,3 milhões em 2016.

Desilusão

Para o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, esses números refletem a desilusão dos eleitores, em especial dos jovens, com a política. Como o voto nessa idade é facultativo, o jovem não está fazendo o título de eleitor. Só faz quando é obrigado, diz.

Segundo ele, a queda do eleitorado nessa faixa etária em Curitiba em índice muito superior em relação à média nacional mostra que essa desilusão atinge os governos nas três esferas: federal, estadual e municipal. Isso fica evidente nos baixos índices de aprovação de todos os governantes, de presidente da República, ao governador e prefeito. Se o voto facultativo fosse estendido para todos, teríamos uma abstenção absurda, explica.

Para Hidalgo, as pessoas que se engajaram nas manifestações iniciadas em 2013, e mais recentemente, em 2015 e 2016, pelo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), não se sentiram representadas ou ouvidas pelo mundo político. As pessoas foram para a rua muito mais pra tirar o PT e a Dilma do que para por alguém no lugar. Tanto que o (Michel) Temer assumiu com baixos índices de popularidade, lembra. Nenhum político conseguiu capitalizar as manifestações, avalia.

Segundo Hidalgo, as pesquisas mostram que de 63% a 68% dos brasileiros estão pouco ou nenhum pouco interessados nas eleições municipais. O risco que temos é de que a eleição seja vencida pelo menos pior, alerta, apontando que o desinteresse do eleitorado só favorece ao voto por interesse corporativo, de cabresto ou troca de favores, o que pode provocar uma queda ainda maior na qualidade da representação política.