SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Eletrobras conseguiu vender três de suas distribuidoras nesta quinta-feira (30), em um leilão realizado na sede da B3, em São Paulo.

Em disputas sem competição, a Energisa levou duas das empresas: a Eletroacre (AC) e a Ceron (RO). A companhia ofereceu descontos na conta de luz dos estados de 3,27% e 1,75%, respectivamente.

A terceira distribuidora, a Boa Vista Energia, de Roraima, foi vendida para a Oliveira Energia, empresa do Amazonas que trabalha com geração de sistemas isolados (geração termelétrica). A empresa venceu pelo lance mínimo e não ofereceu desconto na tarifa.

O preço de venda foi de R$ 50 mil por empresa -valor simbólico pago à Eletrobras.

Os vencedores serão obrigados a investir, juntas, R$ 668 milhões logo nos primeiros meses de operação. Outro R$ 1,5 bilhão terá de ser aplicado nos próximos cinco anos.

O resultado foi comemorado pelo governo e pela Eletrobras -que, com a venda, vai transferir um passivo de R$ 3,1 bilhões, referentes a dívidas que vencem no curto prazo.

A Energisa, controlada pela família Botelho, já possui 13 distribuidoras, que atuam em nove estados do país.

"Todas as oportunidades que tivermos de sinergia, vamos usar. Estamos colados na fronteira do Mato Grosso. Também vamos tentar sinergia entre Acre e Rondônia. A ideia era fazer um combo", disse Ricardo Botelho, diretor-presidente da empresa.

A Eletrobras ainda tenta vender outras duas distribuidoras: a Amazonas Energia, cujo leilão foi marcado para 26 de setembro, e a Ceal, de Alagoas, cuja venda está travada por uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os leilões fazem parte de uma reestruturação financeira da estatal, que já havia se desfeito de duas distribuidoras no passado. A Celg-D, de Goiás, foi vendida à italiana Enel em 2016, e a Cepisa, do Piauí, foi arrematada pela Equatorial em julho deste ano.

DEUS

Após a vítoria no leilão, o presidente do grupo Oliveira, Orsine Oliveira, afirmou que eles foram escolhidos por Deus.

"Trabalhamos longamente no projeto, somos conhecedores da região. Fomos escolhidos por Deus. Nós somos crentes de Deus, nossa missão é levar qualidade de energia para o povo de Roraima", disse.

Questionado sobre a inexperiência da empresa no segmento de distribuição (já que a empresa hoje atua principalmente com geração), Oliveira afirma que "distribuição não é coisa de outro mundo" e que vão "aprender bem rápido".

Os recursos para os investimentos iniciais virão do próprio caixa do grupo, diz ele.

A empresa, amazonense, já atua em Roraima e responde por 80% das usinas térmicas da capital Boa Vista.

O estado, único do país que não está ligado ao sistema nacional, depende em grande parte da energia vinda da Venezuela, o que tem gerado risco ao abastecimento.