GUILHERME GENESTRETI*

CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – A equipe do documentário luso-brasileiro "Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos" fez um ato pró-demarcação de terras indígenas antes da sessão oficial do filme em Cannes, na noite de quarta (16).

Os diretores Renée Nader Messora e João Salaviza, além de membros da produção e dois dos indígenas que aparecem no filme empunharam cartazes pedindo demarcação e contra o genocídio indígena e o marco temporal (tese jurídica que poderia enfraquecer os direitos dos povos nativos).

"Chuva…" borra os limites entre o registro ficcional e o documental, acompanhando uma aldeia da etnia krahô, no cerrado tocantinense. Ali, o jovem Ihjac ouve o chamado do pai, que morreu, para que ele termine o ritual fúnebre.

O filme faz parte da mostra Um Certo Olhar, dedicada a obras com linguagem mais experimental dentro da programação oficial do Festival de Cannes.

 A revista Hollywood Reporter exaltou o empenho "admiravelmente comprometido" desse docudrama, mas ressalvou que "infelizmente, como experiência cinematográfica, é raso e funcional". "[Os diretores] se portam com tanta reverência em relação a seus protagonistas indígenas que acabam lhes retratando como dramaticamente banais."

Não é a primeira vez que a equipe de um filme brasileiro usa o tapete vermelho de Cannes como cenário de protesto.

Em 2016, quando "Aquarius" competia pela Palma de Ouro, o diretor Kleber Mendonça Filho e a produção do longa também empunharam cartazes, na ocasião contra o impeachment de Dilma Rousseff.

 

*O jornalista se hospeda a convite do Festival de Cannes