Os males que acometeram o Coritiba em setembro — abstinência de vitórias, falta de gols dos atacantes, queda na tabela — voltaram a se repetir em outubro. O time levou 2 a 0 do Ceará, em Fortaleza, amargou a oitava rodada seguida sem um triunfo, estacionou nos 41 pontos e só fez um gol nos últimos seis jogos. O resultado quase custou o cargo do técnico Paulo Bonamigo (ver abaixo).

A derrota fez o Coritiba cair da quinta para a sexta posição na Série B. E, para completar a má sorte, os resultados paralelos não ajudaram. O Paulista, que estava em 4º, também com 41 pontos, goleou o Vila Nova-GO por 5 a 1 e abriu três pontos de vantagem — seria o último classificado para a Série A de 2007, caso a Segundona terminasse hoje. O América-RN derrotou o São Raimundo, foi a 43 pontos e assumiu a quinta  posição. O Santo André alcançou o Coxa na pontuação, ao bater o Avaí, e está atrás apenas no número de vitórias. Além disso, Brasiliense e Marília têm um duelo atrasado entre eles. Com qualquer resultado, um dos dois ficará à frente dos paranaenses.

Jogo — A má fase vivida pelo Coritiba novamente teve reflexos em campo. O time, nervoso, estava lento na saída de jogo e trocava passes burocráticos no meio-campo. Assim, as circunstâncias de gol eram raras, apesar do empenho de Cristian e das razoáveis presenças de Caio e William — que perdeu a melhor chance do primeiro tempo.

Na parte defensiva, a situação era pior. O time aceitava a pressão do Ceará, levava a pior no meio-campo e não dava combate nas laterais. Com isso, o sufoco na defesa era inevitável. Os dois zagueiros e o volante Rodrigo Mancha se viraram como podiam, já que não tinham a proteção dos alas e dos meias — à exceção de Cristian. Quando a zaga não tirava, o Coritiba era salvo ora pelo goleiro Artur, ora pela trave, ora pela má pontaria dos cearenses.

No segundo, tempo, pelo menos o empenho coxa-branca ficou mais visível. Mas, aos 10 minutos, veio um golpe crucial. Marcelo Batatais derrubou Vavá na área e foi expulso. Vinícius bateu o pênalti e fez 1 a 0.

Com o gol, o Ceará abdicou da pressão. O Coritiba, mesmo com um jogador a menos, teve boas chances de empatar, todas criadas por Cristian ou Caio, mas desperdiçadas com arremates ruins. A cinco minutos do fim, os cearenses aproveitaram-se de uma falha da defesa e definiram o placar de 2 a 0.

Bonamigo é mantido no cargo, apesar da derrota

O desempenho e o resultado em Fortaleza aumentaram a pressão sobre o técnico Paulo Bonamigo. Antes da partida, comentava-se que o ele pudesse ser demitido em caso de fracasso. O fracasso veio. A diretoria coxa-branca garantiu, após o jogo, que não há intenção em mudar a comissão técnica — ou seja, o treinador foi mantido.
Bonamigo disse estar tranqüilo quanto à sua situação. “Tem gente para avaliar nosso trabalho, a gente procura sempre dar o melhor”, disse ele, após a partida. Para ele, o clube simplesmente passa por uma fase negativa. “Não contávamos com isso dentro do planejamento, mas ainda temos jogos pela frente”.

Uma fonte ligada ao Coritiba revelou que a substituição do treinador não era a vontade de toda a diretoria, e sim de alguns setores. E que nomes como Antônio Lopes e Lori Sandri apresentam resistência. Esses dois fatores teriam contribuído para a manutenção de Bonamigo.

O Coritiba volta a campo neste sábado, às 16 horas, no Couto Pereira, diante do Marília. O zagueiro Marcelo Batatais, expulso ontem, não joga. O defensor Henrique e o atacante Anderson Gomes, que cumpriram suspensão, podem voltar ao time. (LVR)