Arquivo Bem Paraná

Durante o mês de junho, o Índice de Preços ao Consumidor do município de Curitiba, apurado pelo IPARDES, exibiu elevação de 1,18%, o maior resultado para o mês desde junho de 2004. Esta taxa foi superior em 0,46 ponto percentual (p.p.) àquela aferida em maio (0,72%) e colocou-se acima da ocorrida em junho do ano anterior, quando o índice foi de -0,22%. Como consequência, exerceu pressão sobre o índice acumulado nos últimos 12 meses, elevando seu resultado para 4,61%, patamar superior ao de junho de 2017, que apresentava índice de 2,30%.

O resultado mensal foi influenciado por aumentos nos grupos Alimentos e Bebidas (2,83%), Habitação (2,80%), Transporte (0,69%), Vestuário (1,75%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,80%), Artigos de Residência (1,34%), Educação (0,32) e Comunicação (0,02%). O único segmento com retração foi Despesas Pessoais (-1,58%).
Dentre os itens pesquisados destaca-se a energia elétrica residencial, com alta de 8,91%, repercutindo tanto a adoção da bandeira vermelha nível 2 (o que significa acréscimo de R$ 0,05 para cada quilowatt-hora consumido), quanto o reajuste da tarifa estadual autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e vigente desde 24 de junho. Outros produtos com reajuste foram: gasolina comum (5,78%), leite integral (14,40%), plano de saúde (4,63%), automóvel de passeio nacional usado (0,76%), empregada doméstica (3,40%), tarifa de água e esgoto (3,75%), leite desnatado (22,42%), terno (9,12%), frango inteiro (28,00%), álcool combustível (4,74%) e corte bovino de patinho (11,11%). 

Por outro lado, houve queda em pacotes turísticos nacionais (-15,28%), automóvel nacional zero km (-1,31%), seguro voluntário de veículo (-11,78%), passagem aérea (-11,38%), pacotes turísticos internacionais (-8,16%), armação de óculos de grau (-7,99%), óleo diesel (-7,65%), perfume (-1,89%), antidepressivo (-7,44%) e salgados (-3,50%).

ACUMIULADO 

A variação do IPC de junho impactou o índice acumulado no decorrer do primeiro semestre de 2018, elevando-o de 0,63%, em maio, para 1,81% nessa última apuração.
Destaca-se, nesses primeiros seis meses, a influência de combustíveis, alimentos, tarifas de preços públicos, ensino particular e empregada doméstica. O cenário de instabilidade geopolítica e a consequente valorização do dólar interferiram na composição dos preços dos combustíveis adotada pela Petrobrás e repassada ao consumidor. Com isso, itens como a gasolina comum e botijão de gás apresentaram, até junho, aumentos de 9,66% e 13,19%, respectivamente. Entre os alimentos sobressaem as altas acumuladas, de  janeiro a junho, para leite integral (25,61%), leite desnatado (44,06%), cebola (120,09%), tomate (47,32%) e batata-inglesa (36,73%). 

O preço do leite foi impactado pelo pessimismo do produtor frente ao baixo retorno financeiro do último semestre de 2017, pelo aumento do custo da ração animal e pela entressafra na produção leiteira. Já as adversidades climáticas interferiram sobre o cultivo da cebola, do tomate e da batata-inglesa, resultando em queda na produtividade e consequente repasse do custo ao consumidor. Outro fator importante foi o impacto da greve dos caminhoneiros, que trouxe perdas sensíveis à cadeia produtiva, impedindo o escoamento de alimentos aos distribuidores e consumidores e favorecendo o acréscimo dos preços de muitos itens relacionados à alimentação. 

Dentre os preços públicos que apresentaram reajuste estão as tarifas de energia elétrica (4,29%) e de água e esgoto (4,43%). A primeira refletiu as constantes alterações de bandeira tarifária que ocorreram durante o período, e o reajuste autorizado pela agência reguladora (vigente desde a última semana de junho). Já a segunda é consequência da revisão tarifária anual à qual é submetida por órgão regulador.

A influência dos cursos de ensino fundamental (7,36%) e ensino superior (4,88%) no IPC semestral é consequência da adequação dos custos das instituições de ensino particular que ocorrem habitualmente no início de cada ano letivo.