MAELI PRADO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O emprego com carteira assinada voltou a crescer em abril, com a criação de 115,8 mil vagas formais e expansão do mercado de trabalho em todos os setores.

Apesar de os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostrarem que esse foi o melhor abril em cinco anos, o resultado está longe de ser considerado espetacular por especialistas em trabalho.

Uma recuperação mais robusta, com reposição das 3 milhões de vagas perdidas durante 2015 e 2016, ápice da crise econômica, não deve ser observada neste ano.

“É sempre uma boa notícia que estão sendo criados postos. Mas o que acontece é que a reposição das vagas não está acontecendo em uma velocidade que permita criar uma dinâmica positiva no mercado de trabalho”, disse Manuel Thedim, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

No acumulado do ano, as contratações superaram as demissões em 336,8 mil postos de trabalho formais. Apenas em dezembro do ano passado, entretanto, foram eliminadas 340 mil vagas.

A incerteza do cenário eleitoral e a turbulência internacional, com perda de valor do real em relação ao dólar, não ajudam. “Isso segura a decisão de contratação. O que precisamos é de previsibilidade, um pouco menos de turbulência”, disse Thedim.

A perspectiva para a taxa de desemprego é pior: analistas dizem acreditar que mesmo no ano que vem não haverá recuperação expressiva.

Isso porque uma eventual melhora da economia pode reduzir o desalento, que é quando a pessoa não busca mais trabalho por desânimo com a possibilidade de encontrar vagas. Com mais gente buscando trabalho, a taxa tende a se elevar.

“Ainda há muitas pessoas trabalhando menos horas do que gostariam ou que pararam de procurar emprego. Essa situação pode mudar se a economia melhorar”, afirmou Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências.

No Twitter, o presidente Michel Temer comemorou. “É inquestionável. Tivemos cerca de 115 mil empregos de carteira assinada criados em abril. Os defensores da crise perderam. O otimismo voltou.”

O destaque, segundo o Ministério do Trabalho, foi o setor de serviços, com 64,2 mil postos de trabalho, seguido pela indústria da transformação, com 24,1 mil.

Todas as regiões do país experimentaram saldo positivo. A região que teve o melhor desempenho foi a Sudeste, com 78 mil vagas, seguida pela Centro-Oeste (mais 15.700), Sul (13.200), Nordeste (4.400) e Norte (4.300).