
A crise do coronavírus tem se traduzido em mudanças profundas no dia a dia dos brasileiros. E para os motéis da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a situação não é diferente. Após muitos fecharem as portas entre o final de março e o começo de abril, a maioria dos estabelecimentos já retomou a atividade e, com a proximidade do Dia dos Namorados, apostam numa espécie de “mudança cultural”.
Tradicionalmente, o dia 12 de junho é uma espécie de “Natal” para os motéis, destacando-se como uma das datas com maior procura pelos casais. De tão grande que é a demanda, em tempos normais as empresas nem fazem reserva para a data ou então criam períodos de estadia mais curto, lucrando com o giro maior de casais.
Em decorrência da pandemia de Covid-19, entretanto, muitos estão revendo essa política. É o caso, por exemplo, do Motel Chavelle. “Esse é um ano que a gente está vendo de uma forma bem atípica. Uma das questões que tivemos de pôr em prática é a limitação no uso da suíte. O hóspede usa e ela fica fechada para higienização, só voltando a ser usada no outro dia”, explica o empresário Jacson Vendruscolo, sócio-proprietário do Chavelle.
Ainda segundo ele, a empresa também está trabalhando na questão cultural com os hóspedes, para impedir uma “procissão de gente” no Dia dos Namorados. Por isso, estão realizando reservas para a data e criaram três tipos de pacotes, com valores de R$ 600 (suíte luxo), R$ 856 (suíte superluxo) e R$ 1.200 (suíte presidencial). Estão inclusos no pacote a hospedagem, jantar, uma decoração romântica e espumante.
“Estamos trabalhando mais com reserva, criando pacotes. O hóspede paga um pouco mais caro, mas já fica lá [na suíte] um período maior, também temos uma cozinha muito boa, segura, de qualidade. Então estamos tentando fazer até essa mudança cultural, para que as pessoas façam essa reserva, porque não vai poder ter aquele fluxo de gente que costumamos ver na data”, afirma Vendruscolo.
Setor aposta em ozônio para higienização de suítes
A parte de higiene, via de regra, sempre foi um dos pontos fortes dos motéis de Curitiba e região. E com a crise sanitária, esse foi um ponto reforçado pelas empresas, sendo que muitas delas, como o próprio Chavelle, o Acqua Motel e o Motel Poeme, estão apostando em máquinas geradoras de gás ozônio para higienizar as suítes e matar qualquer micro-organismo que possa permanecer nesses locais, reduzindo os riscos de contágio.
“Todas as suítes estão sendo higienizadas com gerador de ozônio, um equipamento altamente desinfectante, além dos produtos de limpeza usuais”, anuncia o Acqua em sua página no Facebook. “Estudos comprovam que o ozônio mata 99,9% dos microorganismos como vírus e bactérias existentes na suíte. Como o ozônio é um gás ele se espalha por toda a suíte e ‘limpa’ até naqueles locais onde um pano normalmente não chegaria”, informa ainda o Poeme.
Já Jacson Vendruscolo, sócio-proprietário do Chavelle, esclarece que o estabelecimento já usava a tecnologia e o produto antes mesmo da crise de Covid-19. Outra ferramenta também é um aspirador mais potente, chamado Rainbow e produzido no Canadá. “A gente já tinha esse cuidado e essa preocupação com a higiene de antes do Covid. Isso tudo veio para mostrar que estamos no caminho dos cuidados mesmo, com a segurança, a confiança do hóspede”, diz o empresário.
Movimento caiu para ‘metade da metade’
Mesmo passado mais de um mês desde a reabertura dos motéis da RMC, a maioria dos estabelecimentos ainda sofre com uma redução drástica da demanda, mesmo com os cuidados redobrados na parte de higiene, inclusive com a entrega de álcool gel para os clientes logo na entrada dos motéis e o contato praticamente inexistente entre funcionários e clientes, o que reduz os riscos de contágio.
“Foram tomadas medidas. As suítes que comportam, por exemplo, recebem agora no máximo dois casais e redobramos os cuidados com a limpeza”, explica uma atendente do Motel Alpha. “No começo zerou o movimento e agora está retomando, mas ainda bem tranquilo”, relata ainda ela.
Já no Chavelle, Jacson Vendruscolo comenta que o movimento de clientes caiu para “metade da metade”. “A empresa nunca, em nenhum momento, havia fechado, e chegou um belo dia em que simplesmente apagamos as luzes, fechamos as portes e ficamos só com a parte de segurança. E aí zerou o fluxo financeiro, inclusive tivemos de doar alimentos e bebidas”, conta o empresário. “Agora estamos voltando, ainda com bastante restrições, até porque o movimento, por um processo natural, já não está bom, as pessoas continuam com receio de sair de casa. Estão a atividade está sentindo bastante”.