Quando a MTV Brasil surgiu, poucos programas da TV passavam videoclipes. “A gente tinha que gravar o clipe do nosso cantor preferido para depois poder ver, eu pagava ingresso para ver show em vídeo no Madame Satã”, conta a ex-VJ Marina Person. “Então, quando surgiu a MTV, foi maravilhoso.”

A MTV não foi só um veículo para bandas e artistas já consagrados, mas também abriu espaço para que novas bandas chegassem ao mainstream. “Eu não consigo imaginar o que seria o rock brasileiro se não fosse aqueles anos de MTV”, diz Marina. “Quantos clipes foram feito e onde seriam veiculados, senão lá? A indústria da música se beneficiou muito com a emissora, bandas surgiram porque existia a MTV”, afirma.

O baixista da banda Vanguart, Reginaldo Lincoln, afirma que a MTV “moldou uma geração de apaixonados por música”. “Era um lugar onde as pessoas conheciam as bandas que as acompanhariam por toda a vida”, diz. “A MTV nos anos 1980, 1990 e 2000 foi equivalente à era do rádio até os anos 1950.”

O prêmio VMB era o grande momento da música pop e rock no Brasil. “Ganhar um VMB mudava a carreira de qualquer artista”, lembra Reginaldo. “O público confiava nas escolhas dos indicados, se identificava com os ganhadores e isso foi um ciclo saudável e importante para o mercado.”

Em 2012, o Vanguart ganhou o prêmio de ‘Artista do Ano’. “Nós vimos isso acontecer, todos os olhos se viraram para nós e nosso público cresceu muito”, conta o baixista.

A cantora Pitty foi a maior vencedora da história do VMB. E sua banda também era uma das mais populares nas votações do Disk MTV e do Top 10.

Para ela, a MTV teve enorme importância na história da música no País. “Era um veículo através do qual a gente tinha acesso a coisas novas, clássicas e também ao que estava acontecendo no momento, culturalmente”, ressalta a cantora. “Ela tinha curadoria, representatividade para vários estilos e um espaço para as bandas sonharem em poder existir.”

Pitty afirma que a emissora teve importância fundamental na sua carreira. “Muita gente conheceu meu som por ali, assim como eu também conheci muita coisa por ali”, recorda. “A MTV casou com o fato de eu gostar muito de fazer videoclipes e de ser ligada nas coisas do audiovisual, que ganhou muita importância nessa época, e eu fui fazendo vários clipes, criativamente me jogando naquilo, e tendo aquele espaço para mostrar.”

Para ela, o fim da ‘antiga MTV’ deixou uma lacuna na música. “A cena e o mercado perdem muito com a ausência de uma premiação que valorize os artistas (VMB) e também os profissionais que trabalham com audiovisual como um todo”, acrescenta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.