Franklin de Freitas – Totem de segurança na Praça da Espanha

Se você já passou por alguns dos principais pontos de Curitiba, como Praça da Espanha, Viaduto Colorado ou a Ceasa, provavelmente já se deparou com algum totem de segurança. Imponente, o equipamento conta com câmeras escondidas, um sistema de giroflex para alertas instantâneos, a possibilidade de ser programado para repassar mensagens à população, além de apresentar plotagens das forças policiais locais (como a Polícia Militar e a Guarda Municipal), o que acaba por chamar ainda mais a atenção.

O que você talvez não saiba, porém, é que esse produto foi desenvolvido por uma empresa paranaense, a Helper Tecnologia, com sede em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Como a marca detém também a patente do produto, garante que só ela poderá comercializar a tecnologia pela próxima década, pelo menos. E olha que interesse nos totens não falta: o equipamento já está presente em 11 municípios de cinco estados e a previsão é até o final do ano alcançar a marca de 30 ou 40 cidades com o serviço contratado.

Na prática, os totens de monitoramento funcionam como uma alternativa aos módulos policiais tradicionais, ajudando a inibir a criminalidade e potencializando a capacidade de monitoramento das forças policiais. “No passado, existiam os postos de policiamento, que costumam funcionar 24 horas com seis policiais revezando, pelo menos, em turnos de oito horas. Com equipamento, você consegue liberar todos esses agentes para fazer rondas, atendimento externo, atendimento à população. É como se estivesse aumentando o efetivo”, explica Edison Endo, gerente comercial da Helper.

Até a consolidação do produto a nível nacional, contudo, a caminhada foi longa. Fundada nos anos 1990, a Helper surgiu na década de 1990, atuando no segmento de segurança patrimonial, ofertando serviços como monitoramento eletrônico. A mudança de rumo e o ingresso na área de segurança pública viria só em 2009, após uma ideia que surgiu quase que por acaso.

“A ideia surgiu de um evento que participamos em Curitiba, de segurança pública. Passaram uma foto mostram uma câmera em cima do policial e então pensamos em unir essa situação. Mas como unir isso? A ideia era dispensar a presença física do policial e ter no local um olho eletrônico. Contratamos engenheiro, pessoas de design, e aí foram cinco, seis anos desenvolvendo o produto”, recorda Endo.

Hoje, já são mais de 300 totens distribuídos no Brasil, com resultados bastante vistosos. Na Ceasa de Curitiba, por exemplo, há um totem logo na entrada e outros oito espalhados internamento. Com a tecnologia, reduziu-se em 90% as incidências criminais. Outro caso de destaque é o de Cotia, cidade localizada na região metropolitana de São Paulo. Quando iniciou o projeto com os totens de segurança, e 2018, a cidade com cerca de 200 mil habitantes ocupava a 134ª posição no ranking das cidades paulistas mais seguras, entre as 139 com mais de 50 mil habitantes. Dois anos depois, ocupa a 22ª posição do mesmo ranking, elaborado pelo Instito Sou da Paz.

Repasses do governo federal ajudam a animar o mercado

Atualmente, os totens de monitoramento já estão presentes em cidades como Curitiba, São José dos Pinhais (PR), Ponta Grossa (PR), Saudade do Iguaçu (PR), São Paulo (SP), Balneário Camboriú (SC), Cotia (SP), Artur Nogueira (SP), Santa Bárbara D’Oeste (SP), Três Corações (MG) e Resende (RJ).

A ideia, conforme relata Endo, é triplicar até o final de 2021 o número de cidades que contam com a solução – no final do ano passado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública deu início ao repasse de R$ 755 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). Em junho, o governo federal já havia destinado R$ 502 milhões, que devem ser voltados à contratação de novos equipamentos e tecnologias por parte dos estados e municípios.

O modelo de contratação é feito via locação, com o chamado serviço embarcado. Em outras palavras, a Helper oferece todo o suporte necessário para o funcionamento do totem (limpeza, manutenção, suporte técnico e plotagem, entre outros), com a presença de uma equipe técnica para atender ao projeto. As estratégias de monitoramento, por outro lado, são determinadas pelo poder público. “Não deve haver substituição do efetivo da força de segurança, mas, sim, direcioná-lo para atender a população”, completa Edison Endo.

Um ‘big brother’ nas ruas

Os totens de monitoramento destacam-se, primeiramente, pelo tamanho, a imponência. É simplesmente difícil não notá-los, o que acaba sendo bom para a prevenção da criminalidade, que fica inibida. Dentro dos totens, porém, há ainda um conjunto de câmeras que, a partir de um Centro Integrado de Controle e Comando (CICC), permitem monitorar as localidades em 360 graus de forma simultânea, disponibilizando, entre outras vantagens, o zoom para aproximação da verificação de ocorrências, além de um canal de comunicação direto com as forças policiais.

E o quanto custa isso tudo? Edison Endo, gerente comercial da Helper, dá a com tá. “Quando falamos em questão de investimento para o município, tem uma conta simples: para manter um posto de policiamento, o custo é de R$ 150 mil para o estado [por mês, com a Polícia Militar] e R$ 90 mil para o município [com a Guarda Municipal]. O equipamento, com R$ 12 mil, faz essa fiscalização.”