GIULIANO GOMES/PR PRESS

No segundo dia de audiências de instrução do caso que julga o assassinato do jogador Daniel Corrêa Freitas, a mãe do atleta, Eliana Aparecida Correa Freiras, ouvida nesta terça (19) como testemunha de acusação, disse que foi “bombardeada” de perguntas feitas pelo advogado Claudio Dalledone Junior, que defende o réu confesso Edson Brittes. Em entrevista coletiva, após sua participação nas audiências, Eliana disse que a defesa da família Brittes “fez de tudo” para manchar a imagem do seu filho.

Eliana ficou pela primeira vez cara a cara com os acusados. Segundo ela, esse era seu principal objetivo ao aceitar participar das audiências. “Queria olhar na cara deles. Pra eu ver quem são essas pessoas que tiveram coragem de fazer isso com meu filho”, disse no primeiro dia. A mãe do jogador contou que a juíza Luciani Martins de Paula, da 1ª Vara Criminal, Júri e Execuções Penais de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde o crime aconteceu, perguntou se ela se importava com a presença dos acusados.
“Na hora eu encarei os assassinos cruéis, que não são nada para mim. Eu fiz questão de olhar no rosto de cada um, para ver o que leva uma pessoa a torturar e matar outra. Eu tenho certeza que Deus vai me dar paz para enfrentar tudo isso e que o meu filho está no céu, ao lado Dele, olhando por mim. E eu permaneci forte, consegui ficar sem chorar e respondi tudo”, desabafou.

Perguntas

A mãe do jogador relatou quais teriam sido as perguntas feitas pelo advogado da família Brittes. “Ele (Dalledone) tenta manchar a imagem do Daniel, mas não consegue, porque eu conhecia meu filho desde que ele estava na minha barriga, e não tenho nenhuma informação que seja prejudicial para a reputação dele. Ele era uma pessoa boa, responsável, carinhosa, um amigo fiel e um pai presente”, disse a mãe do jogador.

O advogado questionou Eliana sobre acidentes de carro em que o jogador teria se envolvido. “Ele quis saber se eu tinha conhecimento sobre esse caso e eu disse que sim, que Daniel passou por um lugar em um momento de chuva forte, apagou e acabou batendo a BMW. Houve perda total no automóvel, mas o seguro pagou e está tudo certo, dá para comprovar pela conta dele”, disse. A mãe do jogador negou que o filho estivesse alcoolizado no momento do acidente.
“O Cláudio também me perguntou sobre um acidente em que ele atropelou um cachorro na estrada, eu confirmei que tinha acontecido, mas não entendi a pergunta, qual a relação disso com o crime?”, questionou.

De acordo com assessoria do advogado Cladio Dalledone, a assistência da acusação (advogado contratado pela família de Daniel) a todo momento tentou indeferir as perguntas. “Se houvesse algum dolo, a juíza teria indeferido. As questões vem em um momento no processo em que se pretende conhecer Daniel. Perguntas, com as sobre os acidentes, sendo que em um deles uma garrafa de whisky foi encontrada no carro, são corriqueiras nesta etapa”, diz a assessoria.

A mãe do jogador também relatou que Dalledone questionou a forma como ela soube da morte do filho. “Eu falei que o Edison me ligou, isso está registrado no meu celular, me oferecendo ajuda, dizendo que estava muito triste porque o Daniel era muito querido. Eu disse ainda que, se não fosse a tal da foto (do jogador com Cristiana Brittes), a polícia talvez demoraria mais ou não descobriria o que aconteceu com o meu filho, porque, a princípio, eu achei que ele tinha sido assaltado”, relata.
Para a mãe do jogador, no dia do crime, Edson Brittes ainda não tinha visto a foto de Daniel ao lado de Cristiana. “Ele viu depois que saiu nas redes sociais, alguém soltou na internet e só então ele ficou sabendo. Por isso o Edison se entregou, ele armou todo um esquema para encobertar o caso, mas não deu certo. Eles calaram o meu filho, mas eu falei por ele”, disse.

Nesta quarta-feira (20), devem continuar a ser ouvidas as testemunhas de acusação, primeiras na lista de convocados, indicadas pelo Ministério Público. Por enquanto, dez foram ouvidas. O atraso alterou a expectativa de que os réus já pudessem ser ouvidos nesta quarta-feira (20), momento anterior à decisão da juíza quanto à confirmação de que o caso seja julgado pelo Tribunal do Juri.

O delegado Amadeu Trevisan, responsável pelo inquérito, e policiais que trabalharam no caso, além de uma jovem que relatou que Daniel tentou entrar no banheiro em que ela estava no dia da festa, estão entre as testemunhas que serão ouvidas nesta quarta-feira. São dez testemunhas de acusação, mais quatro informantes. Outras 48 testemunhas foram chamadas pela família Brittes. São 17 para Edison, 16 para Alana Brittes e 15 para Cristiana Brittes, mais as testemunhas dos outros réus. Ao todo são 95 convocações, sendo 77 pessoas se subtraídas as testemunhas em comum. Com isso, há expectativa de que as audiências se estendam até está quinta-feira (21).

Sete pessoas foram denunciadas pelo assassinato de Daniel, morto a facadas na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, no fim de outubro do ano passado. São elas: Edison Luiz Brittes Júnior, Cristiana Rodrigues Brittes, Allana Emilly Brittes, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, Ygor King, David Willian Vollero Silva e Evellyn Brisola Perusso. Dos réus, apenas Evellyn responde ao processo em liberdade.